O Que Jesus Quis Dizer Quando Afirmou Que Voltaria Em Breve?

01/11/2025

Três vezes no Livro do Apocalipse, Jesus garante aos Seus seguidores o Seu retorno iminente:

Eis que eu venho em breve! Feliz aquele que observa as palavras da profecia deste livro.

Apocalipse 22,7

Eis que eu venho em breve, e trago comigo o salário para retribuir a cada um conforme o seu trabalho

Apocalipse 22,12

Aquele que atesta estas coisas diz: "Sim, venho muito em breve!"

Apocalipse 22,20

Apocalipse 22 é o capítulo final da Bíblia, e o versículo 20 contém as últimas palavras de Jesus em toda a Sagrada Escritura. Contudo, quase 2.000 anos se passaram desde a Ascensão de Cristo ao céu, e o leitor moderno pode razoavelmente perguntar o que exatamente Jesus quis dizer quando afirmou que viria "em breve".

A palavra grega para "em breve" usada nesses versículos é tachy, que também pode ser traduzida como "rapidamente". O mesmo advérbio é usado em Mateus 28,8, por exemplo, para descrever a mulher que se apressava para sair do túmulo vazio: "Elas, partindo depressa do túmulo, com medo e grande alegria, correram a anunciá-lo aos seus discípulos".

O que, então, Jesus está tentando nos dizer quando afirma que virá rapidamente/em breve? O bispo grego André de Cesareia nos convida a considerar essa questão de duas maneiras:

As palavras "Eis que venho em breve" indicam ou a brevidade do tempo presente em comparação com a era futura ou a repentina rapidez da morte de cada pessoa. (Comentário sobre o Apocalipse, 22.7)

Isso nos ajuda a perceber que as palavras de Jesus no final do livro do Apocalipse têm um duplo significado. Por um lado, elas nos alertam que a Segunda Vinda de Jesus de fato ocorrerá em breve, quando entendemos a duração deste mundo em relação à duração do mundo vindouro. Mesmo 2.000 anos são um curto período comparado à eternidade.

Por outro lado, as palavras de Jesus nos alertam que Ele virá em breve para cada um de nós no momento da nossa morte. Não sabemos quando esse momento chegará, mas pode ser hoje. E mesmo que o Senhor nos permita permanecer nesta terra por mais alguns anos ou décadas, isso é, mais uma vez, um período muito curto comparado à eternidade.

O Tempo É Curto, a Eternidade É Longa

Um dos temas centrais da Bíblia é que o mundo presente é apenas passageiro. Com isso em mente, as Escrituras destacam repetidamente a natureza fugaz desta vida:

  • "Vê: em poucos palmos fixaste meus dias, e a duração da minha vida é um nada à tua frente. Como um sopro é todo ser humano!" (Sl 39,6).
  • "Ensina-nos a contar nossos dias e assim teremos um coração sábio" (Sl 90,12).
  • "A erva seca, murcha a flor, basta soprar sobre elas o vento do SENHOR. (A erva é o povo.)" (Is 40,7)
  • "E, no entanto, não sabeis nem mesmo o que será da vossa vida amanhã! Com efeito, não passais de um vapor que se vê por alguns instantes e depois logo se desfaz" (Tg 4,14).
  • "Ora, o mundo passa com suas concupiscências; mas o que faz a vontade de Deus permanece eternamente" (1 Jo 2,17).

Como cristãos, entendemos que Jesus um dia retornará em glória para forjar os novos céus e a nova terra, e para julgar os vivos e os mortos. Quando Jesus finalmente vier, então perceberemos subitamente, como São Paulo percebeu, que tudo o que suportamos nesta vida foi um mero piscar de olhos comparado a tudo o que nos aguarda se permanecermos fiéis:

Por isto não nos deixamos abater. Pelo contrário, embora em nós o homem exterior vá caminhando para a sua ruína, o homem interior se renova dia-a-dia. Pois nossas tribulações momentâneas são leves em relação ao peso eterno de glória que elas nos preparam até o excesso. Não olhamos para as coisas que se vêem, mas para as que não se vêem; pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno. (2 Cor 4:16-18)

Santa Teresa d'Ávila ecoou essa percepção com sua famosa frase comparando nossas provações terrenas a uma noite ruim em um hotel:

Oh! Não queiramos regalos, filhas; estamos bem aqui; tudo é uma noite numa má pousada. Louvemos a Deus, esforcemo-nos por fazer penitência nesta vida. Mas, que doce será a morte para quem já a fez de todos os seus pecados e não tem de ir ao Purgatório! E como até poderá ser que, ainda neste mundo, comece a gozar da glória, não verá em si temor, senão inteira paz (Caminho da Perfeição, 40.9).

Embora esta vida presente possa parecer longa e árdua, especialmente quando estamos sofrendo, a realidade é que a vinda de Cristo — e o julgamento que se segue — chegará em breve: "Se demorar, é só esperar, ela vem mesmo e não há de demorar" (Habacuque 2, 3; cf. Hebreus 10, 37).

Venha a Nós o Vosso Reino

Embora 2.000 anos possam parecer muito tempo da nossa perspectiva humana, somos chamados, como cristãos, a ver nossas vidas e toda a história de uma perspectiva eterna. Este é um tema importante na segunda epístola de São Pedro:

Há, contudo, uma coisa, amados, que não deveis esquecer: é que para o Senhor um dia é como mil anos e mil anos como um dia. O Senhor não tarda a cumprir a sua promessa, como pensam alguns, entendendo que há demora; o que ele está é usando de paciência convosco, porque não quer que ninguém se perca, mas que todos venham a converter-se. O Dia do Senhor chegará como ladrão e então os céus se desfarão com estrondo, os elementos, devorados pelas chamas, se dissolverão e a terra, juntamente com as suas obras, será consumida (2Pd 3,8-10).

São Pedro destaca que o que podemos considerar lentidão por parte de Deus é, na verdade, um ato de misericórdia. Deus é longânimo (paciente) conosco e com o mundo porque deseja nos dar todas as oportunidades para nos arrependermos. Ao mesmo tempo, isso não deve ser uma desculpa para a complacência, pois sabemos que a paciência de Deus não durará para sempre.

Talvez uma analogia seja útil aqui. Em 1944, era essencial para os franceses que viviam no norte da França saber que os Aliados estavam chegando em breve, mesmo que não tivessem certeza de quando exatamente isso aconteceria. Este ponto foi abordado por C.S. Lewis em sua obra clássica de apologética, Cristianismo Puro e Simples:

Por que Deus aportou sob disfarce neste mundo ocupado pelo inimigo e iniciou uma espécie de sociedade secreta para sabotar o diabo? Por que ele não invade com força total? Será que é porque ele não é forte o suficiente? Bem, os cristãos pensam que ele virá com força total, só não sabemos quando. Mas podemos imaginar o porquê de sua demora. Ele quer nos dar uma chance de aderir ao seu lado de forma voluntária. Não suponho que você e eu teríamos em alta conta um francês que esperasse que os aliados invadissem a Alemanha para só então anunciar que estava do nosso lado. A invasão de Deus é iminente, mas eu me pergunto se as pessoas que pedem para Deus interferir aberta e diretamente no nosso mundo se dão conta do que estão pedindo. Quando isso acontecer, será o fim do mundo. Quando o autor se apresenta no palco é porque a peça acabou. Deus fará a invasão, tudo bem, mas qual é a vantagem de você dizer que está do lado dele apenas quando vir todo o mundo natural se dissolvendo como num sonho ou algo parecido — algo que você nunca imaginou antes — irrompendo com força; algo tão magnífico para alguns e tão terrível para outros, que não reste nenhuma alternativa para qualquer um de nós? Dessa vez Deus virá sem disfarce; algo tão impressionante que causará reações de amor ou horror irresistível a toda criatura. Então, será tarde demais para escolher o seu lado. Não adianta dizer que você decidiu deitar quando já é impossível ficar em pé. Essa já não será hora de escolher; será hora de descobrir de que lado realmente nós escolhemos ficar, quer tenhamos dado conta disso antes, quer não. A hora é agora, hoje mesmo, nesse instante, de escolher o lado certo. Deus está se delongando para nos dar essa chance. E ela tem prazo de validade. É pegar ou largar. (Cristianismo Puro e Simples, Livro II, Cap. 5, "A Conclusão Prática")

Jesus certamente virá em breve, e a única razão para a Sua demora é que nós e o mundo ao nosso redor ainda não estamos prontos. No entanto, continua sendo uma parte solene da missão da Igreja orar em todos os momentos para que o Reino de Cristo venha em breve:

Já presente na sua Igreja, o Reino de Cristo, contudo, ainda não está acabado «em poder e glória» (Lc 21, 27) pela vinda do Rei à terra. Este Reino ainda é atacado pelos poderes do mal, embora estes já tenham sido radicalmente vencidos pela Páscoa de Cristo. Até que tudo Lhe tenha sido submetido, «enquanto não se estabelecem os novos céus e a nova terra, em que habita a justiça, a Igreja peregrina, nos seus sacramentos e nas suas instituições, que pertencem à presente ordem temporal, leva a imagem passageira deste mundo e vive no meio das criaturas que gemem e sofrem as dores do parto, esperando a manifestação dos filhos de Deus» (Lumen Gentium 48 § 3). Por este motivo, os cristãos oram, sobretudo na Eucaristia, para que se apresse o regresso de Cristo dizendo-Lhe: «Vem, Senhor» (CIC 671; cf. Lc 21,27; 1Cor 16,22; Ap 22, 20).

Memento Mori

Quando Jesus nos promete que voltará em breve, Ele nos convida a refletir não apenas sobre a natureza transitória deste mundo, mas também sobre a iminência da nossa própria morte. Esta é uma das principais lições da parábola do servo vigilante:

Vigiai, portanto, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor. Compreendei isto: se o dono da casa soubesse em que vigília viria o ladrão, vigiaria e não permitiria que sua casa fosse arrombada. Por isso, também vós, ficai preparados, porque o Filho do Homem virá numa hora que não pensais (Mt 24,42-44).

Embora esta parábola seja frequentemente aplicada à Segunda Vinda de Jesus no fim do mundo, ela também tem uma aplicação mais imediata em nossas próprias vidas. Santo Tomás de Aquino explica:

Mas alguém poderia dizer que o Senhor estava falando aos apóstolos; mas os apóstolos não viveriam até o fim do mundo, então por que ele diz: "Vigiai, portanto, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor"? Agostinho diz que isso é necessário até mesmo para os apóstolos, e para aqueles que vieram antes de nós, e para nós, porque o Senhor vem de duas maneiras. No fim do mundo, ele virá a todos em geral; da mesma forma, ele vem a cada homem no seu próprio fim, a saber, na morte. . . . Portanto, a vinda é dupla, no fim do mundo e também na morte: e ele quis que ambas fossem incertas. E essas vindas correspondem uma à outra, porque o homem é encontrado na segunda como estava na primeira. (Comentário sobre Mateus, 1996)

Cada um de nós deve criar o hábito diário de examinar a própria consciência e arrepender-se dos seus pecados, pois simplesmente não sabemos o dia nem a hora em que Jesus virá como um ladrão na noite para nos chamar ao julgamento. O que sabemos é que esse julgamento, seja hoje ou daqui a várias décadas, chegará em breve — e devemos estar preparados para ele.

Autor: Clement Harrold

Original em inglês: St. Paul Center