O Islã e o Ocidente São Incompatíveis

06/06/2018

Por Spike Hampson - 24 de maio de 2018

Estamos vivendo em uma época em que grupos de muçulmanos estão envolvidos em uma guerra contra a civilização ocidental. Esses grupos são numerosos e difusos e, apesar de constituírem apenas uma fatia da população muçulmana maior, o que os sustenta em sua força é um corpo de crença inspirado pelo pensamento islâmico tradicional.

Existem diferenças entre esses grupos islâmicos, mas estão todos de acordo com um princípio específico da religião: a sharia tem que alcançar abrangência mundial. A sharia é o código legal imutável e divinamente inspirado que a religião do Islã abraça. Mesmo muitos muçulmanos não-violentos aceitam a ideia de que o destino global para todos - muçulmanos e não-muçulmanos - deva ser governado de acordo com os princípios da lei da sharia. Praticamente todos os muçulmanos aceitam como inevitável que as leis da sharia acabará por alcançar o domínio global. Espera-se que isso ocorra sob a orientação de um califa universalmente reconhecido que terá autoridade absoluta sobre sua implementação.

Grupos jihadistas como o ISIS, a al-Qaeda, a Irmandade Muçulmana, o Boko Haram e muitos, muitos outros podem ter agendas secundárias divergentes, mas sobre essa questão abrangente, que obriga a imposição da lei da sharia, eles estão solidários. Assim como a maioria dos cristãos crentes aceita que Cristo é o salvador e que o dia do julgamento está chegando, a maioria dos muçulmanos aceita a premissa de que, em última análise, a lei da sharia prevalecerá globalmente sob a orientação do califado.

Faz parte, além disso, do pensamento islâmico convencional de que todos os crentes estão obrigados a lutar pela conquista dessa condição ideal. Essa luta é chamada de jihad menor e nenhum muçulmano pode negar seu dogma. A maioria dos muçulmanos dá ao jihad menor uma baixa prioridade em suas vidas diárias, porém poucos são os muçulmanos que afirmam que a jihad menor não tenha qualquer apelo religioso.

A lei da sharia e o califado são instituições que a maioria dos muçulmanos tem a obrigação de aceitar como expressões da vontade de Allah. A imposição global da lei da sharia e do califado não são distorções do verdadeiro Islã; eles são ideais tradicionais que a religião espera que todos os crentes se empenhem. Muitos muçulmanos admiram secretamente os jihadistas, cujo compromisso pessoal em estabelecer a sharia sob um califa é exaltado pelo islamismo.

O problema para o Ocidente é que os muçulmanos veem a sharia como a palavra de Allah, uma verdade absoluta e inflexível que nunca pode ser modificada. O que torna o problema intratável é que os muçulmanos aceitam a superioridade da lei da sharia que tem seu fundamento na fé e não na razão. Os muçulmanos não apenas acreditam que a lei deve vir de Allah, mas rejeitam de imediato a possibilidade de que as leis existentes da sharia possam evoluir em conformidade com as mudanças da sociedade ou com qualquer novo princípio legal que possa ser abrigado se baseado na mera razão.

Compondo o problema para o Ocidente, há o fato de que os muçulmanos acreditam no califado, uma forma absolutista de governo em que um único indivíduo exerce autoridade em nome de Allah, algo comparável, mas ainda mais absolutista, à velha idéia de "direito divino dos reis". O califado é ainda mais absolutista porque os muçulmanos sabem que só pode haver um califa.

Existe, em suma, um abismo intransponível entre o Islã e o Ocidente, uma diferença fundada em princípios e, portanto, uma diferença que não tolera concessões. O Islã e o Ocidente são irreconciliáveis.

O Ocidente está sendo atacado por jihadistas - muçulmanos que veem a obrigação religiosa de se engajar na jihad menor como um dever primordial. Os grupos são muitos e diversos, mas no empenho pela jihad menor, todos eles são unidos. Eles desejam ver a lei islâmica imposta em todos os lugares porque acreditam que isso será bom para o mundo.

Infelizmente, a sharia contém uma série de leis que contradizem os princípios fundamentais da civilização ocidental moderna, uma delas é que os indivíduos têm o direito à liberdade de expressão (exercida quando questões essenciais são ditas). Em contraste, a lei da sharia estipula que qualquer crítica a Allah ou Maomé é proibida e deve ser punida com a morte. A todos, e não apenas aos crentes, o Islã rejeita o direito de um simples ser humano se envolver em tais críticas.

Outro princípio é que igreja e estado - religião e política - devem ser mantidos separados e particionados de forma tão eficaz que o Estado (que é responsável pelas coisas mundanas) não possa interferir nas práticas religiosas daqueles que seguem uma fé particular (a menos, claro, que essas práticas infrinjam realmente os direitos dos outros). A lei da Sharia está convencida de que precisamente a abordagem oposta é a única legítima: a Igreja e o Estado devem estar unidos, sendo o Estado guiado pelos princípios do Islã e não o contrário.

Um terceiro princípio ocidental moderno é que as pessoas têm a liberdade de acreditar no que desejarem. Liberdade religiosa significa não apenas nenhum controle governamental; não significa obrigação de aderir a qualquer tipo de ortodoxia. A lei da Sharia contradiz veementemente este princípio: a penalidade pela apostasia é a morte, e o preço a ser pago por não aceitar o Islã é a morte para os pagãos e a cidadania de segunda classe para os cristãos e judeus.

Finalmente, a civilização ocidental repousa na ideia de que o governo precisa ser conduzido com base nas leis aprovadas pelo povo e projetadas usando a razão humana. Em oposição a isso, o Islã ensina que a lei foi dada à humanidade por Allah e não é passível de mudança. Consequentemente, a lei projetada usando a razão humana é, por definição, ímpia.

Esses quatro exemplos destacam o fato de que a lei ocidental e a lei islâmica são fundamentalmente incompatíveis. Quando os valores subjacentes de dois sistemas rivais são tão completamente diferentes, é tolice para um qualquer dos lados sequer tentar um compromisso.

Foi declarado guerra à civilização ocidental por grupos islâmicos que, embora reconheçam sua própria falta de poder convencional, acreditam que podem prevalecer usando o terror como arma e confiando na vontade de Allah. Se o Ocidente não resistir a esta guerra, os muçulmanos continuarão a povoar a Europa e a América do Norte até que seus números permitam a captura pacífica dos governos existentes. Até lá, os jihadistas continuarão a cometer atos terroristas destinados a desencorajar os não-muçulmanos de falar livremente sobre Allah, Maomé e o Islã.

As convicções ocidentais são melhores que as do Islã. No entanto, o Ocidente perderá esta guerra - e se afogará no oceano da história - se não encontrar coragem para se levantar e lutar por seus valores superiores.

Original em inglês: American Thinker