O Grave Escândalo Do Primeiro Século: “Creio Em Um Só Deus”
Certa vez, ouvi a história de uma mulher que mora nas montanhas do Colorado. Todos os dias, quando ela dirige para o trabalho, ela vê uma bela vista da montanha. Seu quintal parece um cartão postal.
Quando seus amigos e familiares a visitam, eles perguntam: "Como é estar cercada de tanta beleza?"
Ela responde com um sorriso de lado. "Depois de um tempo, nem percebo. Apenas se torna o pano de fundo."
Seus arredores cênicos misturam-se com o pano de fundo de sua vida.
A mensagem do cristianismo muitas vezes funciona da mesma maneira em nossa sociedade moderna. O Evangelho está tão normalizado e repetido que muitas vezes ignoramos o quão incrível é.
As pessoas estão perdendo a fé porque sua fé se tornou o pano de fundo de suas vidas e nunca lembraram de admirá-la.
Rezamos o Credo, dizendo: "Creio em um só Deus, o Pai todo-poderoso..."
Porém, às vezes, não parece que o que estamos dizendo esteja tocando nossos corações, pois a recitação do Credo tornou-se robótica.
Continue lendo, e você verá como nossa Fé foi chocante - escandalosa mesmo - enquanto se revelava ao mundo. Você verá sua fé com novos olhos, como visse pela primeira vez uma paisagem espetacular. Cada vez que você rezar o Credo, será lembrado do que você acredita.
Pense em como era incomum no primeiro século acreditar em um só Deus, muito menos na Ressurreição.
A primeira declaração do Credo Niceno-constantinopolitano é "Creio em um só Deus". Quando este credo foi professado pela primeira vez, os cristãos viviam em um mundo politeísta. Os judeus eram os forasteiros, um povo peculiar com a noção aparentemente estranha de que apenas um único Deus existia.
Os judeus realmente faziam a confissão da unidade de Deus todos os dias. Mesmo em nossos dias, homens judeus fiéis proclamam todas as manhãs e noites: "Ouve, ó Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor" (Deuteronômio 6,4).
Todos os mandamentos de Deus, incluindo os Dez Mandamentos, fluem dessa realidade de que Deus é uno. Assim, o primeiro mandamento no Sinai foi "Não terás outros deuses diante de mim" (Êxodo 20,3). O maior mandamento de Deuteronômio acrescenta um aspecto positivo a esse negativo: visto que há um só Deus, "amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças" (Deuteronômio 6, 5).
A unidade de Deus exige que adoremos somente a Ele. Isso traz foco e coerência para nossas vidas. Unifica nossas vidas em torno de um centro que é verdadeiramente o centro de toda a realidade. E fornece uma base unificadora para todas as pessoas em todo o mundo.
Idolatria é adorar algo que não seja Deus. Os ídolos são, de fato, muitas vezes feitos de acordo com a imagem e semelhança do criador dos ídolos. Se você examinar o panteão romano, por exemplo, poderá ver isso facilmente. Júpiter, Juno, Marte, Vênus e os outros "deuses" têm todas as fraquezas e paixões que temos, apenas em uma escala muito maior, até titânica.
Mesmo agora, pode ser difícil não ter ídolos em nossos corações - por força do trabalho, das opiniões dos outros, do medo, do dinheiro ou do relacionamentos. Na verdade, o mundo nos encoraja a colocar todo o nosso valor e tempo em coisas externas. Há ídolos em todos os lugares.
Se não tomarmos cuidado, essas coisas se tornam "deuses" em nossas vidas.
Um ídolo geralmente não satisfaz por muito tempo, então outro é feito. A idolatria, assim, leva ao politeísmo, um panteão confuso de deuses diferentes que muitas vezes estão em conflito. Na história da guerra de Tróia contada na Ilíada, por exemplo, alguns deuses estão patrocinando um exército e outros deuses, o outro exército.
Isso ilustra como o politeísmo não leva à unidade, mas à dissolução e dissipação, tanto no coração humano quanto na sociedade humana.
Como você pode ver, no tempo de Jesus, acreditar em um só Deus e não ter ídolos era uma profissão fé estranha e quase escandalosa fora da fé judaica.
Este chamado para confessar e adorar um só Deus e esse único Deus é a primeira coisa mencionada no Credo, que professamos todos os domingos na Missa.
Da próxima vez que você rezar o Credo, pense realmente nas palavras que está dizendo. Pense nessa louca realidade de colocar toda sua fé e sua identidade em nosso único Deus, renunciando aos pequenos ídolos em sua vida cada vez que você rezar.
Credo Niceno-Constantinopolitano
Espero a ressurreição dos mortos;
E a vida do mundo que há de vir. Amém.
Original em inglês: Assension Presents