O Alegre Parquinho... Da Morte!

Por que alguns católicos têm medo de estudar a Bíblia por conta própria?

Imagine crianças correndo e brincando na grama em um lindo parquinho. No entanto, observe que elas estão brincando sem supervisão... e perigos mortais espreitam por todos os lados. Você percebe um penhasco íngreme com mil metros de altura de um lado, outro lado cheio de minas terrestres escondidas, cobras venenosas na areia e um pântano de areia movediça no quarto lado. Você fica sem palavras, chocado. As crianças são dizimadas ao serem vítimas dos perigos ao seu redor.

Agora, pare um momento para recuperar o fôlego e imagine as mesmas crianças brincando no mesmo playground, mas agora cercadas por uma cerca de arame segura e cuidadosamente supervisionadas por adultos que as protegem. As crianças agora estão alegres e despreocupadas, e você pode relaxar e aproveitar a diversão. Um alívio toma conta do seu corpo, e você começa a rir das travessuras das crianças.

Para estar em perigo agora, uma criança teria que desconsiderar todas as regras e medidas de proteção. Ela precisaria rejeitar desafiadoramente a supervisão e pular a cerca para deixar a segurança do grupo.

Dois equívocos recentes têm atormentado os católicos em relação à leitura e ao estudo da Bíblia. Pergunte ao seu redor e você descobrirá que a pessoa comum em uma paróquia comum frequentemente aceita uma ou duas infelizes falácias. Vamos analisar ambas.

Equívoco nº 1: Os católicos não devem ler a Bíblia, pois ela é complicada e eles temem interpretá-la incorretamente e acabar confusos ou enganados. A Igreja proíbe a leitura privada das Escrituras. Bem, a Bíblia não é difícil de entender? A Bíblia é prerrogativa do clero, dos estudiosos ou dos professores universitários.

Equívoco nº 2:Muitos católicos associam a leitura e o estudo da Bíblia ao protestantismo. Se os leigos estudam a Bíblia, eles não a interpretam incorretamente e vão longe demais? Não é por isso que muitos ex-católicos agora são protestantes? Curiosamente, um padre paroquial que visitou nossa casa recentemente lamentou: "Ah, se eu pudesse apenas fazer com que meus paroquianos superassem o medo profundo de que, se estudarem a Bíblia, de alguma forma se tornarão protestantes fundamentalistas!"

Isso soa estranho aos ouvidos de nós, ex-protestantes, porque para nós era o contrário. Foi o amor e o estudo da Bíblia que nos trouxe para a Igreja Católica. No entanto, esse medo sutil impede muitos católicos de tirar o poeira da Bíblia da família e tentar estudá-la por conta própria.

Nosso playground imaginário, repleto de perigos, ilustra bem a situação. Existem perigos reais associados ao estudo da Bíblia? Existem armadilhas à esquerda e à direita? Sim, claro. A Bíblia às vezes é difícil de entender? Sim — até mesmo São Pedro escreveu que algumas das coisas escritas por São Paulo tem "alguns pontos difíceis de entender, que os ignorantes e vacilantes torcem, como fazem com as demais Escrituras" (2 Pedro 3, 16). Portanto, o medo não é infundado.

Examine o panorama da história cristã e você verá pessoas e grupos bem-intencionados com interpretações malucas das Escrituras espalhadas em todas as direções. A carnificina e a divisão causadas pela teologia "somente a Bíblia" são evidentes para todos. No entanto, também vemos muitos que amaram profundamente a Bíblia, a estudaram diligentemente e o fizeram sem causar vítimas. Eles alcançaram alturas vertiginosas no estudo bíblico e, por meio dele, passaram a amar Jesus e a Igreja Católica com um ardor cada vez mais profundo.

O que diferencia os dois? Por que alguns tropeçam e caem no caminho, enquanto outros "brincam" com alegria e total abandono — quase despreocupados em seu estudo das Escrituras e, aparentemente, sem medo do perigo? A cerca ao redor do playground e a supervisão fazem toda a diferença. Elas fornecem uma barreira entre as crianças e a destruição. Elas permitem que a criança brinque. O que elas representam em nossa ilustração?

A cerca é a Sagrada Tradição. Ela fornece a compreensão necessária do ensino católico, a doutrina adequada e a instrução sobre como estudar a Bíblia corretamente. O Catecismo é um ótimo resumo da Tradição que nos fornece com segurança as linhas nas quais devemos permanecer. A supervisão é o Magistério divinamente designado, que significa simplesmente "ofício de ensinar", com autoridade para ensinar, instruir e proteger o depósito da Fé. Deus instituiu o papa e os bispos para transmitir o depósito da fé e agir como pastores para proteger, governar e alimentar as ovelhas.

A Tradição Sagrada e o Magistério estão prontamente disponíveis para quem os desejar. É isso que faz a diferença entre um playground repleto de perigos e um playground seguro para atividades despreocupadas. Os perigos são reais, mas as proteções e orientações são igualmente reais. Aqueles que seguirem as orientações simples e evitarem incursões em areias movediças e penhascos estudarão as Escrituras com grande benefício — e, posso acrescentar, com profunda alegria e prazer.

É hora dos católicos acordarem e descobrirem as riquezas que foram depositadas em sua conta. Seu tesouro está pronto para ser retirado! Tirem a poeira das Bíblias, deixem de lado os medos paralisantes, aprendam as regras básicas da interpretação bíblica, participem de um bom estudo bíblico católico, observem os parâmetros protetores do ensino da Igreja e divirtam-se à vontade!

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O que a Igreja ensina sobre o estudo pessoal da Bíblia (CIC 133)? Que tipo de acesso ou restrição deve ser imposto aos católicos em relação à Bíblia (CIC 131)? Como a Bíblia fala de si mesma e de seu uso pelo povo de Deus (Rm 15,4; 2Tm 3,14-17)?

Leia o Salmo 119 (118). Qual é o tema e a paixão do salmista? Que valor o salmista atribui às Escrituras no Salmo 19,7-11? A Bíblia é a única fonte da revelação de Deus (1Ts 2,13; 2Ts 2,15; CIC 80-82)?

Embora os saduceus estudassem as Escrituras assiduamente, o que Jesus disse sobre eles (Mc 12,24)? As Escrituras têm sempre um significado claro e são sempre fáceis de entender (2Pd 3,15-17; At 8,29-31)? Com base nestes versículos, a compreensão das Escrituras por parte de todos é igualmente válida?

Todos têm a mesma capacidade de compreender as Escrituras (Hb 5,11)? Os pessoas devem pesquisar as Escrituras por si mesmos (At 17,11)? A interpretação da Bíblia é, em última análise, deixada a cargo de cada pessoa, e que lugar ocupa a "interpretação privada" na interpretação das Escrituras (2Pd 1,20)? Onde está a fonte da interpretação oficial das Escrituras (CIC 84, 85, 95)? Quem tem o direito final de proteger e interpretar a Bíblia (CIC 119, Atos 20,27-31, Tito 1,9)?

O que é o "coluna e sustentáculo da verdade" (1Tm. 3, 14-15)? Quem ou o que tem autoridade judicial sobre um crente (Mt. 18, 17)? Como os fiéis devem responder à autoridade docente protetora da Igreja (CIC 87, 88)?

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S. Jerônimo, Doutor da Igreja: "A ignorância das Escrituras é a ignorância de Cristo."

S. João Crisóstomo, Doutor da Igreja: "'Não sou,' dirás, 'um dos monges, mas tenho esposa, filhos e os cuidados de uma casa.' Ó quão funesto é isto, que tudo arruinou, o pensares que a leitura das divinas Escrituras pertence apenas àqueles, quando tu, mais do que eles, dela necessitas! Pois os que vivem no mundo e cada dia recebem feridas, esses são os que mais carecem de remédios. Assim, é muito pior do que não ler, considerar tal coisa como 'supérflua': pois estas são palavras de invenção diabólica. Não ouves Paulo dizer que 'todas estas coisas foram escritas para nossa admoestação'?

Papa Gregório I: "O imperador dos céus, o Senhor dos homens e dos anjos, enviou-te suas epístolas para o proveito de tua vida; e, no entanto, ó filho glorioso, negligencias a leitura ardente dessas epístolas. Estuda, pois, eu te suplico, e medita diariamente nas palavras de teu Criador. Conhece o coração de Deus nas palavras de Deus, para que suspires mais ardentemente pelas coisas eternas, e tua alma se inflame com maiores anseios pelas alegrias celestiais".

Concílio Vaticano II: "A Igreja venerou sempre as divinas Escrituras como venera o próprio Corpo do Senhor… É preciso que os fiéis tenham acesso patente à Sagrada Escritura. … Mas, visto que a palavra de Deus deve estar sempre acessível a todos, a Igreja procura com solicitude maternal que se façam traduções aptas e fiéis nas várias línguas, sobretudo a partir dos textos originais dos livros sagrados" (Dei Verbum).

Catecismo da Igreja Católica: "Ler a Escritura na «tradição viva de toda a Igreja». Segundo uma sentença dos Padres, «Sacra Scriptura principalius est in corde Ecclesiae quam in materialibus instrumentis scripta» – «A Sagrada Escritura está escrita no coração da Igreja, mais do que em instrumentos materiais». Com efeito, a Igreja conserva na sua Tradição a memória viva da Palavra de Deus, e é o Espírito Santo que lhe dá a interpretação espiritual da Escritura («...secundum spiritualem sensum quem Spiritus donat Ecclesiae» «segundo o sentido espiritual que o Espírito Santo dá à Igreja»)" (113).

Autor: Steve Ray

Original em inglês: Catholic Answers