Lutando para Sentir Alegria? Papa Bento XVI Identificou uma Razão Incomum

06/02/2018

Escrito por Ruth Baker

Às vezes, penso que a Quaresma é um pouco mais fácil de se vivenciar do que a Páscoa; talvez porque estejamos muito mais familiarizados com o sofrimento do que com alegria. Todos experimentamos sofrimento, provavelmente mais do que desejamos, mas a alegria não parece ser tão óbvia em nossas vidas.

Uma grande barreira para expressar a verdadeira alegria é o sentimento de culpa que devemos ter quando os outros estão sofrendo. Como podemos sentir alegria quando os outros estão sofrendo? Como podemos olhar para o mundo, com infindáveis notícias de guerra, morte e terrorismo, e nos alegrarmos? Parece que o desespero é realmente a resposta mais respeitosa a essas situações. Qualquer outra coisa parece insensível.

Quando ainda era Cardeal Joseph Ratzinger, Bento XVI abordou esta questão em seu livro "Sal da Terra O Cristianismo e a Igreja Católica no Limiar do Terceiro Milênio". O que ele escreve sobre alegria é uma inovação radical. Ele explica que lutamos para expressar alegria porque nos sentimos culpados quando o fazemos. Na seguinte citação, ele identifica por que sentimos culpa e como podemos pensar de maneira diferente sobre isso. Vale a pena refletir sobre esta citação, mas mais do que isso, vale a pena agir!

"Uma observação que sempre faço é que a alegria genuína se tornou mais rara. A alegria está hoje, por assim dizer, cada vez mais sobrecarregada de hipotecas morais e ideológicas. Quando uma pessoa se alegra, até tem medo de faltar à solidariedade com os muitos que sofrem. Pensa-se: Na realidade, nem posso alegrar-me num mundo em que existe tanta miséria, tanta injustiça. Posso compreender isso. Estamos perante uma atitude também moral. Contudo, essa atitude é um erro. Porque o mundo não se torna melhor graças à perda da alegria: e, pelo contrário, o "não se alegrar" por causa do sofrimento também não ajuda os que sofrem. Mas, por outro lado, o mundo precisa de pessoas que descubram o bem, que se alegrem por causa dele e que, desse modo, encontrem a energia e a coragem para o bem.

A alegria, portanto, não exclui a solidariedade. Quando é correcta, quando não é egoísta, quando vem da percepção do bem, então também quer comunicar-se e se perpetua. O que volta sempre a chamar-me a atenção é que se encontram, nos bairros pobres, por exemplo, na América do Sul, muito mais pessoas rindo, alegres, do que entre nós. Manifestamente, apesar de destituídas de tudo, ainda têm a percepção do bem, que as orienta como força inspiradora.

Nessa medida, precisamos outra vez dessa confiança originária, que, em última análise, só a fé pode dar: [a confiança de saber] que, no fundo, o mundo é bom, que Deus está presente e é bom, que é bom viver e ser humano. Daí vem também a coragem para a alegria, que, por sua vez, leva a que outros se alegrem e possam receber a Boa Nova".

No mundo das más notícias, quão necessário é a mensagem: "o mundo é bom, que Deus está presente e é bom, que é bom viver e ser humano!"Quando a nossa alegria vem da confiança em Deus e não do mero otimismo, quando a nossa alegria vem da confiança em Deus e não da mera positividade, podemos descobrir o maior mistério, a capacidade de sentir alegria mesmo em meio ao sofrimento. Então, mergulhe profundamente e encontre essa "confiança originária" em Deus, e tenha a "coragem para alegria!" Para que você sempre tenha um motivo pronto para explicar a "a razão da vossa esperança para os outros. (1 São Pedro 3, 15)

Original em ingles: https://catholic-link.org/struggling-joy-pope-benedict-identified-reason/