Em Defesa Das Orações Em Momentos De Tragédia

03/09/2025

"Por que se dar ao trabalho de rezar?", perguntaria o crítico secular. Eis o motivo:

Tornou-se uma característica lamentável do discurso público que tragédias, como tiroteios em massa e desastres naturais, sejam recebidas por algumas figuras públicas e comentaristas com escárnio à ideia de oração.

Lembro-me de que, há alguns anos, quando políticos cristãos asseguravam às vítimas de algum desastre suas orações ("nossos pensamentos e orações estão com as vítimas" e assim por diante), comentaristas não cristãos reagiam com raiva, dizendo que o que as vítimas precisavam era de comida e abrigo, ou então que algo deveria ser feito para mitigar tais eventos no futuro, como defesas contra inundações ou controle de armas.

De fato, seria razoável questionar a sinceridade dos políticos se eles oferecessem a oração como substituto para a ação (ver Tiago 2,16), se fosse realmente isso que estivesse acontecendo. Agora, porém, parece que passamos para uma nova fase, na qual a ideia da oração em si é ridicularizada, porque não salvou as vítimas. Entramos em um lugar sombrio, onde os princípios daqueles que zombavam da crucificação encontraram seu caminho no discurso público em uma nação ainda majoritariamente cristã: "Que desça agora da cruz e creremos nele!" (Mateus 27,42).

Como católicos, precisamos ser capazes de responder ao mal-entendido, sincero ou não, que está por trás desse ridículo. A sugestão parece ser que, se a oração funcionasse, os cristãos não sofreriam nenhum infortúnio. Isso claramente não é algo em que os cristãos sempre acreditaram, como confirma uma rápida olhada nas Escrituras ou na história da Igreja. Pelo contrário, aqueles que melhor rezam, os santos, muitas vezes enfrentaram grande sofrimento e morte, como Nosso Senhor previu que aconteceria: "Se eles me perseguiram, também vos perseguirão" (João 15, 20). Na medida em que estamos unidos a Cristo nesta vida, estamos unidos aos seus sofrimentos; é na próxima vida que podemos esperar compartilhar da sua glória (2Cor 1,5; 1Pedro 1,11; Romanos 8,18).

A espiritualidade católica dá grande ênfase a essa realidade. A perseguição é uma marca da Igreja, e os santos estão sujeitos a mal-entendidos, calamidades, doenças e lutos, muitas vezes de forma aguda. No entanto, a nossa religião é alegre, porque nessas coisas podemos encontrar Cristo. Isso não é fácil para quem está de fora entender, mas deixe-me dizer algo sobre por que rezamos.

Somos frequentemente encorajados a rezar por coisas — oração de petição —, mas isso não é tudo, nem mesmo a parte mais importante da oração. Tradicionalmente, a oração é dividida em quatro categorias: adoração, ação de graças, contrição e petição. A oração em si é definida de forma simples, nos catecismos tradicionais, como a elevação da mente e do coração a Deus. Rezar é prestar atenção a Deus — colocar-se, como um ato de vontade, na Sua presença. Não precisa envolver palavras e, se houver palavras, elas não precisam ser nossas; podem ser as palavras dos Salmos, da liturgia ou orações formais repetidas (por exemplo, no Terço) até que não pensemos mais frases individuais, mas as empreguemos como um cenário para a oração sem palavras.

Uma analogia com as relações humanas pode ser útil. Se amamos e respeitamos alguém, e sabemos que essa pessoa se preocupa profundamente conosco, então vamos querer passar tempo com ela. Conversar com essa pessoa pode nos ajudar, em uma situação difícil, a nos acalmar e esclarecer nossos pensamentos, mesmo que a outra parte não diga muito. Independentemente de levarmos ou não a esse encontro um problema prático a ser resolvido, essas conversas, como forma de comunhão com outro ser humano, são boas em si mesmas e necessárias para a manutenção e o aprofundamento de nosso relacionamento.

Se podemos adotar uma abordagem não transacional nas relações humanas que, como poderíamos dizer, "alimenta a alma", então certamente devemos fazê-lo em nossa relação com Deus. Passamos tempo com Deus, nos comunicamos com Deus, agradecemos e louvamos a Deus, porque é bom fazê-lo, porque o objetivo da vida humana é a intimidade e a união da vontade com Deus, à qual nos aproximamos na oração e que será aperfeiçoada no céu.

Um descrente pode nos perguntar se Deus se comunica conosco. Alguns santos tiveram "locuções interiores" ou mesmo visões, mas, na maioria das vezes, a comunicação de Deus conosco é mais sutil. É comum na vida espiritual sentir, após a oração, uma maior paz, uma maior confiança em um curso de ação planejado, uma maior força e coragem. Também é frequente que alguém que reza por um problema difícil pense em uma maneira de lidar com ele, ou descubra que as circunstâncias mudaram favoravelmente, ou encontre ajuda inesperada disponível. Os leitores podem rejeitar isso ou tentar explicar, mas é um fato sobre como católicos devotos e outros cristãos vivem suas vidas.

Deus quer que levemos nossos problemas a Ele, que busquemos ajuda em Suas mãos e que vejamos todos os nossos consolos e sucessos à luz de nosso relacionamento com Ele — isto é, como bênçãos. Por outro lado, se Ele quisesse, poderia resolver todos os nossos problemas em um instante. Ele poderia tirar nossa dor ciática ou nossa sogra problemática; poderia consertar nosso carro ou nosso telhado, ou fazer com que ganhássemos na loteria e nos tornássemos milionários. A vida cristã é pontuada, conforme a experimentamos, pela ajuda de Deus, em grandes e pequenas coisas, mas Ele não resolve simplesmente todos os nossos problemas. Não é assim que a vida funciona. Estamos neste mundo para trabalhar, enfrentar dificuldades e sofrer, ao lado de todas as experiências de felicidade e prazer que podemos ter, porque esse é o caminho da nossa santificação. É assim que podemos dar glória a Deus, construir o Seu Reino na terra e nos unir ao exemplo e aos sofrimentos de Cristo.

Os sofrimentos enfrentados voluntariamente ou aceitos com paciência são redentores. É por isso que Cristo os suportou e, como deseja que possamos contribuir para a obra da salvação, permite que também nós soframos pelos outros, para reparar os erros que nós e outros cometemos. Como exclamou São Paulo: "Agora me alegro nos sofrimentos suportados por vós. O que falta às tribulações de Cristo, completo na minha carne, por seu corpo que é a Igreja" (Col 1,24).

A maneira como Deus lida conosco não é como um dono de animal de estimação indulgente que quer que seu hamster tenha comida em abundância e um ambiente confortável. É como um pai que deseja que seu filho amadureça, enfrente obstáculos e aprenda a fazer a coisa certa, mesmo quando isso é difícil. Deus nos ajuda, mas o que Ele nos ajuda a fazer é trilhar o caminho que Cristo trilhou antes de nós. É um caminho difícil, mas é o caminho que leva à verdadeira felicidade nesta vida, bem como à glória na próxima.

Autor: Joseph Shaw

Original em inglês: Catholic Answers