É Correto Administrar Os Últimos Ritos
Quando Isso Pode Assustar Um Paciente?
Católico preocupado: Minha mãe fará 90 anos em breve. Ela é muito bem cuidada em sua casa, mas está extremamente debilitada. Fomos avisados de que talvez não demore muito. Quando fui lá ontem, o Pe. Tom estava lá, tendo levado a comunhão para ela. Conversando do lado de fora do quarto, ele sugeriu que recebesse a unção. Eu lhe disse que não me sentia confortável com isso, pois deixaria a minha mãe muito ansiosa. Estou pensando em lhe dizer que ele não precisa fazer isso.
Capelão: É muito bom saber que sua mãe está sendo bem cuidada na casa de repouso e que as necessidades espirituais dela estão sendo atendidas. Se o Pe. Tom acha que é correto que sua mãe seja ungida, tenho certeza de que essa seria a melhor coisa a fazer. Deixe-me tentar explicar por que isso acontece.
Muitos católicos ainda pensam que o Sacramento da Unção dos Enfermos é sinônimo de "Últimos Ritos" e, portanto, uma preparação para a morte imediata. Na realidade, esse não é o verdadeiro significado do Sacramento (e nunca foi, como veremos a seguir). Esse Sacramento é propriamente chamado de "Sacramento da Unção dos Enfermos" e tem o objetivo de assegurar aos que estão enfermos que o Senhor ainda está com eles.
O Sacramento da Unção dos Enfermos confere a bênção do Senhor e fortalece a pessoa doente para suportar suas provações com coragem - e, se for da vontade de Deus, também pode trazer a cura física. Vale a pena dizer que esse Sacramento é destinado a pessoas doentes (não é para resfriados comuns ou contusões), pessoas idosas, como tambem pouco antes da morte - afinal, a maioria de nós passará por doenças quando nossa vida estiver chegando ao fim.
Em essência, o Sacramento da Unção dos Enfermos dá continuidade ao cuidado do Senhor com os doentes que Ele demonstrou com tanta frequência durante Sua vida na Terra. Lendo os Evangelhos, fica claro quanto tempo Jesus passou com os doentes e quantos de Seus milagres foram de cura. Naturalmente, portanto, Ele queria que Sua própria compaixão pelos que sofriam continuasse viva na Igreja, e instituiu o Sacramento dos Enfermos para garantir que isso acontecesse.
A Igreja definiu solenemente (no Concílio de Trento) que a Unção dos Enfermos é de fato um dos sete Sacramentos instituídos pelo próprio Cristo, e sua existência é claramente afirmada no Novo Testamento, especialmente na Carta de São Tiago. A passagem relevante de São Tiago é, na verdade, citada durante uma das orações do rito da Unção, e vale a pena citá-la aqui porque ela explica muito bem as origens desse Sacramento e seus efeitos.
"Alguém dentre vós está doente? Mande chamar os presbíteros da igreja, para que orem sobre ele, ungindo-o com óleo no nome do Senhor. A oração feita da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará. E se tiver cometido pecados, receberá o perdão. Confessai, pois, uns aos outros, os vossos pecados, e orai uns pelos outros para serdes curados".
Portanto, como vemos aqui, o Sacramento da Unção dos Enfermos tem o objetivo de oferecer socorro aos doentes - não é simplesmente uma preparação imediata para a morte. Além disso - só de passagem - vale a pena observar que esse sempre foi o entendimento correto desse Sacramento ao longo da história da Igreja. No Rito Extraordinário dessa unção, na verdade, fala mais de cura física do que no Rito Ordinário, e sempre foi aceito que as pessoas pudessem ser ungidas várias vezes, não apenas no leito de morte. É verdade que a prática da Igreja tendeu a se tornar mais restritiva com o passar do tempo e, portanto, na linguagem comum, "unção" e "os Últimos Ritos" tenderam a ser vistos como a mesma coisa. Mas essa não é, e nunca foi, uma visão precisa do Sacramento.
Espero que essa breve incursão na teologia e na história da Unção dos Enfermos tenha ajudado-a a se tranquilizar. Também vale a pena observar como esse Sacramento é celebrado na prática. É uma cerimônia muito simples e nada alarmante. O Pe. Tom usará sua pequena estola "pastoral" (você deve ter visto quando ele estava dando a comunhão à sua mãe). Ele fará algumas orações curtas e, em seguida, ungirá sua mãe com o Óleo dos Enfermos na testa e nas mãos, dizendo:
"Por essa santa unção e pela Sua infinita misericórdia, o Senhor venha em seu auxílio com a graça do Espírito Santo, para que, liberto dos seus pecados, Ele o salve e, na Sua bondade, alivie os seus sofrimentos".
Por experiência própria, posso assegurar-lhe que celebrar esse Sacramento é uma alegria e um privilégio. Os sacerdotes veem com frequência como ele traz verdadeiro conforto e alegria àqueles que o recebem. Tenho certeza de que esse também será o caso de sua mãe. Que Deus abençoe vocês.
Original em inglês: Catholic Herald