Deus Dá A Graça Da Maneira Como Ele Quiser
Alguns protestantes argumentam contra a crença católica de que a graça é concedida por meio dos sacramentos, dizendo que isso impede que Deus seja o doador dessa graça, usurpando assim a glória e a soberania de Deus. Se são os sacramentos que dão a graça, argumentam eles, então não é Deus.
Em resposta, observe que há um princípio embutido na objeção: o que quer que Deus dê, não pode haver outro que o dê. Em outras palavras, um efeito não pode ser causado tanto por Deus quanto por outra coisa.
Mas isso é manifestamente falso, biblicamente falando.
Considere, por exemplo, que Deus é, em última análise, aquele que dá a verdade. No entanto, Ele ordena aos apóstolos que vão e ensinem a verdade (Mateus 28, 20). Da mesma forma, Deus é, em última instância, a fonte das curas físicas, mas Ele dá poder a Pedro para curar um paralítico (Atos 3,7).
Uma segunda resposta é que os sacramentos e o uso de palavras e coisas sensíveis não tiram mais da soberania de Deus do que o uso de coisas materiais por Jesus para realizar curas físicas.
Considere, por exemplo, Marcos 7, 31-36. É-nos dito que Jesus "pôs-lhe os dedos nos ouvidos e tocou-lhe a língua com saliva" e, ao dizer ao homem: "abre-te!", o surdo foi curado.
Outro exemplo é a cura do cego por Jesus em João 9,1-11. Lá, Jesus mistura seu cuspe com barro do chão e o coloca sobre os olhos do homem, dizendo-lhe para ir se lavar no tanque de Siloé.
Observe que, em ambos os exemplos, Jesus usa coisas materiais (seu cuspe, barro, água etc.) e o toque do corpo para realizar a cura. Nesses casos, a matéria e o toque são veículos ou instrumentos para a administração da cura física. Jesus não precisava dessas coisas. Mesmo assim, ele as usou. Se Jesus considerou adequado usar a matéria e o toque do corpo para realizar a cura física, então é razoável pensar que Ele consideraria adequado fazer o mesmo para a cura espiritual, como nos sacramentos.
Jesus não se limita a operar apenas no reino espiritual. Em vez disso, Ele incorpora o mundo material, que inclui nossos corpos, ao reino espiritual. E isso fornece bases bíblicas pelo menos para o princípio do sacramento: o uso da matéria e do toque físico para comunicar a graça, o que de forma alguma usurpa a soberania de Deus.
Autor: Karlo Broussard
Original em inglês: Catholic Answers