Como O «Milagre do Sol» Em Fátima Ajudou A Acabar Com Um Regime Ateu

O dia 13 de outubro de 1917 marcou a última aparição mariana em Fátima e o dia em que milhares de pessoas testemunharam o milagre do sol dançante — um milagre que destruiu a crença predominante na época de que Deus já não era relevante.
Marco Daniel Duarte, teólogo e diretor dos museus do Santuário de Fátima, partilhou com a CNA o impacto que o milagre do sol teve naqueles dias em Portugal.
Se alguém abrisse livros de filosofia daquela época, provavelmente encontraria algo semelhante ao conceito concebido pelo filósofo alemão Friedrich Nietzsche, que afirmou ousadamente no final do século XIX que «Deus está morto».
Além disso, em 1917, Portugal, tal como a maior parte do mundo, estava envolvido na guerra. À medida que a Primeira Guerra Mundial assolava a Europa, Portugal viu-se incapaz de manter a sua neutralidade inicial e juntou-se às forças aliadas. Mais de 220.000 civis portugueses morreram durante a guerra, milhares devido à escassez de alimentos e outros milhares devido à gripe espanhola.
Alguns anos antes, uma revolução levou à criação da Primeira República Portuguesa em 1910 e uma nova constituição liberal foi redigida sob a influência da Maçonaria, que procurava suprimir a fé da vida pública. As igrejas e escolas católicas foram confiscadas pelo governo, e o uso de vestes clericais em público, o toque dos sinos das igrejas e a celebração de festas religiosas públicas foram proibidos. Entre 1911 e 1916, quase 2.000 padres, monges e freiras foram mortos por grupos anticristãos.
Foi neste contexto que, em 1917, uma senhora que se acreditava ser a Virgem Maria apareceu a três pastorinhos — Lúcia dos Santos, de 10 anos, e os seus primos Francisco e Jacinta Marto, de 9 e 7 anos — num campo em Fátima, Portugal, trazendo consigo pedidos para a recitação do Terço, sacrifícios em favor dos pecadores e um segredo sobre o destino do mundo.
Para provar que as aparições eram verdadeiras, a senhora prometeu às crianças que, na última de suas seis aparições, daria um sinal para que as pessoas acreditassem nas aparições e em sua mensagem. O que aconteceu naquele dia — 13 de outubro de 1917 — ficou conhecido como o "Milagre do Sol" ou "o dia em que o sol dançou".
Segundo vários relatos, uma multidão de cerca de 70.000 pessoas — crentes e céticos — reuniu-se para ver o milagre prometido: o céu chuvoso clareou, as nuvens se dispersaram e o chão, que estava molhado e lamacento devido à chuva, secou. Um véu transparente cobriu o sol, facilitando a visão, e luzes multicoloridas se espalharam pela paisagem. O sol então começou a girar, rodopiando no céu, e em determinado momento pareceu desviar-se em direção à Terra antes de retornar ao seu lugar no céu.
O evento impressionante foi uma contradição direta e muito convincente aos regimes ateus da época, o que é evidenciado pelo fato de que o primeiro jornal a noticiar o milagre em uma primeira página inteira foi um jornal maçônico e anticatólico de Lisboa chamado "O Século".
O milagre do sol foi entendido pelo povo como "o selo, a garantia de que, de fato, aquelas três crianças estavam dizendo a verdade", disse Duarte.
Ainda hoje, "Fátima faz as pessoas mudarem sua percepção de Deus", já que "uma das mensagens mais importantes das aparições é que, mesmo que alguém tenha se afastado de Deus, Deus está presente na história humana e não abandona a humanidade".
Autor: Equipe da CNA
Original em inglês: Catholic News Agency