Cardeal Sarah dá uma aula ao jesuíta James Martin, ativista homossexualista

26/11/2017

Cardeal Robert Sarah corrigiu o jesuíta James Martin, ativista homossesualista, nas páginas do Wall Street Journal.

Como os católicos podem acolher os fiéis LGBT.

É possível se manter fiel ao ensino da Igreja sem dar as costas para milhões.

Por Cardeal Robert Sarah

A Igreja Católica tem sido criticada por muitos, incluindo alguns de seus próprios seguidores, [dentre eles o jesuíta James Martin, SJ] pela sua resposta pastoral à comunidade LGBT. Essa crítica merece uma resposta - não para defender as práticas da Igreja de forma reflexiva, mas para determinar se nós, como discípulos do Senhor, estamos alcançando efetivamente um grupo necessitado. Os cristãos devem se esforçar sempre para seguir o novo mandamento que Jesus deu na Última Ceia: "Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei".

Amar alguém como Cristo nos ama significa amar essa pessoa na verdade. "Para isso vim ao mundo", disse Jesus a Pôncio Pilatos, "para testemunhar a verdade". O Catecismo da Igreja Católica reflete essa insistência na honestidade, afirmando que a mensagem da Igreja ao mundo deve "revelar com toda a clareza a alegria e as exigências do caminho de Cristo".

Aqueles que falam em nome da Igreja devem ser fiéis aos ensinamentos imutáveis de Cristo, porque somente por meio da vida em harmonia com o projeto criador de Deus as pessoas encontram um realização profunda e duradoura. Jesus descreveu sua própria mensagem nestes termos, dizendo no Evangelho de João: "Estas coisas vos tenho falado, para que minha alegria esteja em vós e que a vossa alegria seja plena". Os católicos acreditam que, com a orientação do Espírito Santo, a Igreja concebe suas doutrinas sobre as verdades da mensagem de Cristo.

Dentre os sacerdotes católicos, uma das críticas mais abertas à mensagem da Igreja com relação à sexualidade é o jesuíta americano Padre James Martin. Em seu livro Building a Bridge [Construindo uma Ponte], publicado no início deste ano, ele repete a crítica comum de que os católicos criticavam duramente o homossexualismo, ao mesmo tempo em que negligenciavam a importância da integridade sexual entre todos os seus seguidores.

Padre Martin está correto em argumentar que não deve haver um duplo padrão em relação à virtude da castidade, o que, por mais desafiadora que seja, é parte da boa nova de Jesus Cristo para todos os cristãos. Para os não casados - independentemente das suas atrações - a castidade fiel requer abstenção do sexo.

Isso pode parecer um grau elevado de exigência, especialmente hoje em dia. No entanto, seria contrário à sabedoria e à bondade de Cristo exigir algo que não possa ser alcançado. Jesus nos chama a essa virtude porque ele fez os nossos corações para a pureza, assim como ele fez a nossa razão para verdade. Com a graça de Deus e nossa perseverança, a castidade não só é possível, mas também se tornará fonte da verdadeira liberdade.

Não precisamos procurar muito para ver as tristes consequências da rejeição do plano de Deus para a intimidade e o amor humanos. A libertação sexual que o mundo promove não cumpre sua promessa. Em vez disso, a promiscuidade é a causa de tantos sofrimentos desnecessários, de corações partidos, de solidão e do trato com os outros como um meio de gratificação sexual. Como mãe, a Igreja busca proteger seus filhos do mal do pecado, como expressão de sua caridade pastoral.

Em seu ensinamento sobre homossexualidade, a Igreja orienta seus seguidores, distinguindo suas identidades de suas atrações e ações. Primeiro, há as pessoas em si, que sempre são boas porque são filhas de Deus. Depois, há as atrações pelo mesmo sexo, que não são pecaminosas, se não desejadas ou praticadas, mas que estão, no entanto, em desacordo com a natureza humana. E, finalmente, há relações entre pessoas do mesmo sexo, relações essas que são gravemente pecaminosas e prejudiciais para o bem-estar daqueles que participam nelas. As pessoas que se identificam como membros da comunidade LGBT, a elas se deve essa verdade na caridade, especialmente do clero que fala em nome da Igreja sobre esse tema complexo e difícil. [Eu ouvi um "Amém!"?]

Rezo para que o mundo finalmente preste atenção às vozes dos cristãos que experimentam atração pelo mesmo sexo e que descobriram a paz e a alegria vivendo a verdade do Evangelho. Fui abençoado em meus encontros com eles, e seus testemunhos me comovem profundamente. Escrevi o prefácio de um desses testemunhos, o livro de Daniel Mattson, Why I Don't Call Myself Gay: How I Reclaimed My Sexual Reality and Found Peace[Por que eu não chamo a mim de Gay: como rejeitei minha realidade sexual e encontrei a paz], [EUA AQUI - Reino Unido AQUI][1] com a esperança de fazer sua voz e de outros semelhantes serem melhor ouvidas.

Esses homens e mulheres dão testemunho do poder da graça, da nobreza e da resistência do coração humano e a verdade do ensinamento da Igreja sobre a homossexualidade. Em muitos casos, eles viveram separados do Evangelho por um período, mas foram reconciliados com Cristo e Sua Igreja. Suas vidas não são fáceis ou sem sacrifícios. Suas inclinações pelo mesmo sexo não foram vencidas. Mas descobriram a beleza da castidade e das amizades castas. O exemplo deles merece respeito e atenção, porque eles têm muito para nos ensinar sobre como melhor acolher e acompanhar nossos irmãos e irmãs em uma autêntica caridade pastoral.

Cardeal Sarah é prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos

Publicado em 1 de setembro de 2017, edição impressa.

Como contraponto, o organismo apologético dirigido por jesuítas, Amerika Magazine, obteve resposta do Pe. James Martin à publicação do Card. Sarah no WSJ. Aqui alguns trechos.

Primeiro Martin cantou vitória porque alguém o escutou. Ok, então tá, né?.

Aí...

"O artigo do Cardeal Sarah afirma de forma imprecisa que meu livro é crítico em relação ao ensinamento da Igreja, o que não é. Nem eu.," disse Padre Martin.

É isso mesmo?

Martin acha que o linguajar do Catecismo da Igreja Católica tem que ser mudado, só isso. Claro, mude o linguajar e você muda o significado do parágrafo.

O que Martin propõe é que a Igreja pare de chamar os atos homossexuais de desordenados e, ao invés disso, chame-os de "diferentes". Eles são ordenados de forma diferente".

ATUALIZAÇÃO:

No Catholic World Report um escritor evangélico respondeu a Martin em relação à "Declaração de Nashville".

[...]

Os tweets de Martin confirmam a atual percepção largamente partilhada e reforçada repetidamente pelo próprio Martin, de que sua raison d'etre envolve minar a defesa da Igreja Católica do ensinamento de Jesus sobre o fundamento masculino-feminino para a ética sexual, sobre o qual o seu ensinamento acerca do caráter binário do casamento (a dualidade) está baseado.

Uma consideração às "sete maneiras" de Martin de responder à Declaração de Nashville (declaração evangélica que afirma "que é pecaminoso aprovar a imoralidade ou transgenderismo homossexual e que essa aprovação constitui um abandono obrigatório da fidelidade cristã" (artigo 10)) que realça o evangelho truncado (ou mesmo anti-evangelho) com o qual Martin opera.

[...]

A conclusão final é esta: Pe. Martin está usando - ou mesmo abusando - de sua posição para minar o que para Jesus era padrão fundacional da ética sexual.

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Original em inglês: https://wdtprs.com/blog/2017/09/card-sarah-schools-jesuit-homosexualist-activist-james-martin/

- Postado em 1 de Setembro de 2017 por Pe. John Zuhlsdorf


[1] N.T.: Os links levam à Amazon dos EUA e do Reino Unido onde está a venda o livro de Daniel Mattson. Há uma sinopse do livro que aqui traduzimos: "Daniel Mattson certa vez acreditou ser gay. Criado em uma família cristã e consciente de sua atração por outros garotos aos seis anos de idade, a vida de Mattson foi marcada pela constante turbulência entre sua fé em Deus e sua atração sexual. Ao sentir o grande peso do conflito entre seus desejos sexuais e os ensinamentos de sua Igreja, ele assumiu que era gay, virou as costas para Deus e iniciou um relacionamento com outro homem. No entanto, a liberdade e a felicidade permaneceram difíceis até descobrir Cristo e sua verdadeira identidade.

Neste livro de anotações francas, Mattson narra sua jornada para e de uma identidade gay, encontrando a paz em sua verdadeira identidade, como um homem, feito à imagem e semelhança de Deus. Parte autobiografia, parte filosofia de vida e parte um guia prático para se viver castamente, o livro extrai lições da busca pela liberdade interior e integridade de Mattson, compartilhando a sabedoria de suas falhas e sucessos. Sua busca contínua por felicidade e paz fecha-se em um círculo ao perceber que, acima de tudo mais, o que é verdadeiro sobre si é que ele é um filho muito amado de Deus, amado por Deus Criador, criado para a felicidade nesta vida e na próxima. O livro de Mattson é para quem já se perguntou sobre quem é, por que ele está aqui e, diante do sofrimento, onde encontrar alegria, felicidade e a paz que supera todo entendimento."