Atualização Da Hipocrisia

15/11/2023
Pintado por Ele Mesmo (também conhecido como Auto-retrato) por Jehan Georges Vibert, c. 1870 [coleção particular]
Pintado por Ele Mesmo (também conhecido como Auto-retrato) por Jehan Georges Vibert, c. 1870 [coleção particular]

Acho que devo "atualizar" minha terminologia teológica agora (ou seja, uma "mudança de paradigma") e não devo continuar repetindo termos e slogans antigos. Não tenho certeza se é possível expressar a mesma coisa com palavras completamente diferentes. O poeta Robert Frost respondeu certa vez a alguém que lhe pediu para "explicar" um de seus poemas: "Ah, você quer que eu expresse o que o poema diz com palavras diferentes e piores".

Será que vou realmente encontrar palavras melhores do que as de Santo Agostinho ou Santo Atanásio, sem falar as de Jesus? Considere-me cético. Mas sou um nada se não for submisso às autoridades. Portanto, vou tentar.

Já escrevi sobre padres que, quando solicitados a fazer uma oração, não rezavam a Deus, mas simplesmente pediam a todos que "se lembrassem" de algo, como por exemplo: "Lembremos dos pobres" ou "Lembremos dos que sofreram com o terremoto". Sugeri, talvez de forma um tanto rude, que isso fosse um tipo de hipocrisia.

"Hipócrita" vem de uma palavra grega que significa "ator". Um "hipócrita" está fingindo ser algo que não é, da mesma forma que um ator finge ser alguém (Hamlet, Henrique V ou um leão covarde) que não é. "Lembrar" não é uma oração e não se deve fingir que seja.

Não tenho problemas em lembrar. Só preciso estar mais atento. E a lembrança consciente pode ser uma boa preparação para a oração. Mas não é oração, portanto não devemos fingir que seja.

Mas se isso não estiver claro, considere outro exemplo. Há uma história sobre um bispo anglicano que, ao ser questionado por alguém sobre Deus, respondeu: "Como eu poderia saber?" Bem, meu caro senhor, se não sabe, então por que está usando essa batina e andando por aí desfrutando dos privilégios dessa posição?

Aqueles que fingem ser algo que não são, para que possam desfrutar dos privilégios da instituição, aqueles que vestem o manto externo da fé cristã e católica, mas não a possuem, do que mais podemos chamá-los senão de "hipócritas"? Eles estão fazendo de conta; estão brincando de "se vestir", e não apenas com as roupas que usam.

Cristo descreveu os hipócritas religiosos de sua época como "guias cegos", "serpentes" (presumivelmente como a do Jardim do Éden), "raça de víboras" e "sepulcros caiados cheios de ossos e de toda imundícia". Todas essas palavras são bem claras. Mas se eu tivesse que fazer a necessária tentativa de "atualizá-las", suponho que teria que usar uma de minha formação científica: parasitas.

No entanto, não estou usando o termo "de forma crítica"; apenas em seu sentido técnico. Tecnicamente falando, um parasita é uma criatura que vive em um organismo hospedeiro ou dentro dele e obtém seu alimento do hospedeiro ou às custas dele.

Os "ectoparasitas", por exemplo, incluem "artrópodes sugadores de sangue, como os mosquitos (porque dependem do sangue de um hospedeiro humano para sua sobrevivência)", mas o termo geralmente é usado de forma mais restrita "para se referir a organismos como carrapatos, pulgas, piolhos e ácaros que se fixam ou se enterram na pele e permanecem lá por períodos relativamente longos (por exemplo, semanas a meses)".

Os parasitas não apenas causam doenças em seus hospedeiros, mas também são "vetores" ou transmissores de muitas doenças diferentes para outras pessoas, muitas vezes causando "enorme morbidade e mortalidade devido às doenças que causam". Parece familiar?

Agora, essa é uma descrição técnica, não uma "crítica", embora seja um pouco como quando meus amigos da faculdade diziam algo como: "Aquele cara é um completo idiota", mas depois acrescentavam: "Mas eu digo isso de maneira construtiva". Nesse espírito, suponho que eu poderia dizer: "Estou simplesmente dizendo que eles são 'parasitas'. Se isso é uma coisa 'ruim' depende da perspectiva cultural de cada um, não é mesmo? Não é esse o novo paradigma teológico?"

Recentemente, ouvi essas palavras na Missa e, pessoalmente, achei-as aterrorizantes. Fico imaginando como um bispo as ouviria:

"Mas agora, é para vós esta ordem, ó sacerdotes!

Se não escutardes, se não levardes a sério dar glória ao meu Nome

— disse Iahweh dos Exércitos —,

mandarei contra vós a maldição e amaldiçoarei a vossa bênção.

Mas vós vos afastastes do caminho,

fizestes tropeçar a muitos pelo ensinamento;

destruístes a aliança com Levi,

disse Iahweh dos Exércitos.

Eu também vos tornei desprezíveis e vis a todo o povo,

do mesmo modo como vós não guardastes o meu caminho

e fizestes acepção de pessoas no ensinamento.

Não temos todos um único pai?

Não foi um único Deus que nos criou?

Por que agimos perfidamente uns com os outros,

violando a aliança de nossos pais?"

Caramba! Mas se vocês quiserem criar uma nova igreja, tudo bem. Deus os abençoe. Mas vão construir suas próprias edificações. Vocês não podem ficar com as que foram construídas por católicos para católicos. Se vocês não quiserem ser católico da maneira que essas pessoas imaginaram, tudo bem, vão anunciar a sua como "a Santa Igreja 'Católica' sem Cristo", onde ninguém ressuscita dos mortos e ninguém morreu por seus pecados porque não há pecado (Parabéns à profética Flannery O'Connor). Mas não vivam se prendendo a um ser vivo e sugando a vida dele. Isso não é progressivo, é parasitismo. E meio nojento.

Portanto, essa é a minha "atualização" da terminologia antiga. Não sei se é melhor. Mas, como eu disse, sou um nada se não for submisso à autoridade.

Autor: Randall Smith 

Original em inglês: The Catholic Thing