Ateus Exaltando O Cristianismo?
Se o Ocidente não tivesse se tornado cristão, escreve o historiador Tom Holland, "ninguém teria conseguido".
O historiador Tom Holland é conhecido principalmente como contador de histórias do mundo antigo. Assim, seu mais novo livro Dominion: How the Revolution Christian Remade the World, veio como uma surpresa por várias razões. Primeiro, Tom Holland não é cristão. Segundo, o livro de Holland é uma das defesas históricas mais ambiciosas do cristianismo em muito tempo.
Enquanto estudava o mundo antigo, escreve Holland, ele percebeu algo. Simplesmente, os homens da antiguidade eram cruéis e seus valores totalmente estranhos a ele. Os espartanos costumavam assassinar crianças "imperfeitas". Os corpos dos escravos eram tratados como válvulas de escape para o prazer físico daqueles com poder. Infanticídio era comum. Os pobres e os fracos não tinham direitos.
De Lá para Cá...
Como chegamos de lá até aqui? Foi o cristianismo, escreve Holland. O cristianismo revolucionou o sexo e o casamento, exigindo que os homens se controlassem e proibindo todas as formas de estupro.
O cristianismo confinou a sexualidade à monogamia. (É irônico, observa Holland, que esses são agora os mesmos padrões pelos quais o cristianismo é ridicularizado.). O cristianismo elevou as mulheres. Em suma, o cristianismo transformou completamente o mundo.
De fato, Holland ressalta que, sem o cristianismo, o mundo ocidental não existiria. Até as reivindicações dos militantes da justiça social que desprezam a fé de seus antepassados se baseiam em valores judaico-cristãos. Quem faz argumentos baseados em amor, tolerância e compaixão faz uso de argumentos fundamentalmente cristãos. Se o Ocidente não tivesse se tornado cristão, Holland escreve: "ninguém teria conseguido".
Atraindo Críticas
A defesa do sistema de crenças de que as elites adoram desprezar, ao longo de todo o livro de Holland, atraiu, sem surpresa, algumas críticas. Ele enfrentou o ateu militante e proeminente filósofo A.C. Grayling sobre a pergunta "O cristianismo nos deu nossos valores humanos?" Grayling lutou para refutar a Holland, soando mais mesquinho que filosófico. Holland, por outro lado, tornou-se positivamente apaixonado em sua defesa do cristianismo. Se a civilização ocidental é o aquário, ele afirmou, então a água é o cristianismo.
Enquanto muitos - incluindo Holland - não conseguem acreditar que o cristianismo é verdadeiro, contudo, estão começando a acreditar que o cristianismo possa ser necessário.
De fato, as próprias críticas daqueles que condenam o cristianismo por várias injustiças percebidas elas mesmas estão enraizadas nos preceitos cristãos.
Uma Tendência Identificada - A Defesa do Cristianismo
A apaixonada defesa do cristianismo por Holland é fascinante porque parece fazer parte de uma tendência. À medida que o Ocidente se torna definitivamente pós-cristão, muitos secularistas estão subitamente percebendo que o cristianismo pode ter sido mais valioso do que eles pensavam. Enquanto muitos - incluindo Holland - não conseguem acreditar que o cristianismo é verdadeiro, contudo, estão começando a acreditar que o cristianismo possa ser necessário.
Douglas Murray, o autor conservador e colunista, também é ateu. Nos últimos anos, no entanto, ele começou a alertar que o declínio do cristianismo é uma algo perigoso. A sociedade agora enfrenta três opções. Primeiro, diz Murray, é rejeitar a idéia de que toda a vida humana é preciosa. "Outra é trabalhar furiosamente para definir uma versão ateísta da santidade do indivíduo". E se isso não funcionar? "Aí, só há um único outro lugar para se ir, que é voltar à fé, gostemos ou não".
Hoje em dia, Murray ocasionalmente refere-se a si mesmo como um "ateu cristão". Falando com Esther O'Reilly no Unbelievable podcast, Murray elogiou as "idéias morais revolucionárias" do cristianismo. Ele disse a ela que, enquanto visitava o Mar da Galiléia, não conseguia se livrar da sensação de que "algo aconteceu aqui". E ele admitiu que, quanto mais os ateus consideram a moralidade, "mais precisarmos aceitar que ... a santidade da vida humana é uma noção judaico-cristã que pode muito facilmente não sobreviver [ao desaparecimento da] civilização judaico-cristã".
Ao falar no The Darren Grimes Show no mês passado, ele foi ainda mais direto. "Parece ter pouco sentido para mim, passar a vida falando sobre a política do Partido Trabalhista em vez de Deus".
Cristãos do Rei Agripa
O fenômeno de ateus exaltando o cristianismo parece estar crescendo. Longe vão os dias em que Christopher Hitchens (um bom amigo de Murray) e seus colegas secularistas se enfureciam contra o "veneno" da religião. Até Richard Dawkins admitiu recentemente que o cristianismo pode ser preferível às demais alternativas. Ele uma vez pediu que o cristianismo fosse destruído. Agora ele relutantemente diz que tem bons efeitos na sociedade.
Há também Jordan Peterson. O famoso psicólogo se recusa a dizer se acredita em Deus ou não. Ou ao menos, ele se recusa a dizer o que ele entende por Deus, ou Cristo ou fé. Peterson busca sintetizar as Escrituras com ajuda de Jung e Darwin, e o resultado é previsivelmente distorcido. Mas Peterson sabe que sem o cristianismo, a crueldade indizível é inevitável. Ele fala como um calvinista secular. Ele acredita na depravação humana, mas ainda não elaborou a redenção.
Charles Murray, cientista social e sociólogo americano, é agnóstico. No entanto, ele me disse em uma entrevista que acredita que a república americana não sobreviverá sem um ressurgimento do cristianismo. "Você não pode ter uma sociedade livre com uma constituição" como a americana "a menos que esteja buscando governar um povo religioso", observou ele.
O falecido Sir Roger Scruton também voltou à igreja. Ele lutou com muitas das reivindicações da verdade do cristianismo. Mas ainda assim, ele passou a acreditar que o cristianismo era necessário. Enquanto duvidava, tocava órgão em sua igreja anglicana local durante os cultos dominicais. Talvez essa prática, disse ele uma vez, o ajudasse. Ele
Esses homens são cristãos do Rei Agripa. Como o Rei Agripa disse ao apóstolo Paulo: "Por pouco não me persuades a fazer-me cristão!" Eles quase acreditam nisso. Eles acreditam que o cristianismo é bom. Alguns acreditam que é necessário. Como Murray colocou, ele "crê em crer". Mas eles não podem (ainda) crer que é literalmente verdade - que Jesus Cristo realmente ressuscitou dos mortos.
Ouça às Advertências dos Ateus - O Cristianismo é Necessário
Essas lutas estranhas também emitem um alerta ao Ocidente. Sem o cristianismo, estamos caminhando para uma escuridão espessa e impenetrável. O cristianismo nos deu direitos humanos. Nos deu a proteção aos fracos. Compaixão enraizada em mandamentos de amor. Perdão aos inimigos. Revolucionou o mundo. Agora estamos no processo de desfazer essa revolução. De fato, estamos substituindo-o pela Revolução Sexual.
Devemos olhar para o que estamos destruindo antes de continuarmos. Devemos perguntar por que cercas foram construídas antes de derrubá-las. Deveríamos ouvir apreensivamente os ateus nos dizendo que o cristianismo é necessário. E devemos lutar para garantir que nossa cultura pós-cristã seja novamente pré-cristã.
Jonathon Van Maren é um palestrante, escritor e ativista pró-vida. Ele é o autor de The Culture War e Seeing Is Believing: Why Our Culture Must Face the Victims of Abortion, e co-autor de A Guide to Discussing Assisted Suicide.
Por Jonathon Van Maren - Em 19.5. 2020
Original em inglês: Stream