Anjos E Santos: Auxílio Santo E Heróico

07/09/2023

O vídeo a seguir tem como tema o conteúdo do livro "Anjos e Santos: Um guia bíblico para a amizade com os que estão junto de Deus" de autoria do Prof. Scott Hahn, cuja introdução segue logo abaixo do vídeo.

No tocante ao livro, há uma versão em pdf, com a capa da edição em inglês, porém seu conteúdo está traduzido para o português, que difere em estilo da oficial, mas que, no entanto, não prejudica sua compreensão e conteúdo. Esta versão pode ser baixada aqui.

A Igreja e os que estão junto de Deus

Quando alguém fala sobre «a Igreja», sabemos o que isso significa, ou pelo menos achamos que sabemos.

É a paróquia que frequentamos aos domingos, que tem ótimas homilias e boa música (ou talvez não).

Ou pode ser aquela instituição grande e antiga da qual fazemos parte, que é um pouco difícil de explicar e que nos decepciona de vez em quando.

Este livro é sobre a Igreja da qual às vezes nos esquecemos: a Igreja celeste.

A Igreja celeste não é uma Igreja diferente, ou mesmo parte de outra denominação. É a verdadeira Igreja, em sua essência, em sua perfeição essencial. É assim que a vemos nos últimos capítulos do Apocalipse: como uma noiva radiante, apresentada a Cristo, seu noivo, em meio a uma grande ceia nupcial. Mas essa Igreja não está apenas no futuro: está também no presente. É a Igreja onde Jesus, sua Santa Mãe e todos os anjos e santos vivem hoje na glória. Estamos unidos a eles pela graça, assim como eles estão inteiramente atentos a nós: por amor, para ajudar a Igreja peregrina a viver aqui na terra cada vez mais como eles vivem no céu.

Quando me tornei católico, era um jovem teólogo que começava a familiarizar-se com as grandes tradições. Lendo os teólogos de séculos atrás, deliciava-me com aquelas exposições sobre a Igreja: suas quatro notas (una, santa, católica e apostólica) e seus três estados (militante, padecente e triunfante). Mas também percebi algo estranho. Percebi que eles constantemente usavam uma expressão curiosa para descrever a Igreja. Segundo esses autores antigos, a Igreja era uma «sociedade perfeita».

Aquilo soou esquisito para mim, porque a Igreja que eu conhecia – a que me havia recebido como um converso cheio de gratidão – era bonita, maravilhosa até, mas estava longe da perfeição. Tinha uma história rica, uma arte gloriosa, coerência intelectual e sucessão apostólica demonstrável. Mas também era abalada por escândalos e dirigida por sacerdotes com variados graus de competência e diferentes níveis de antipatia. Muitos de seus membros pareciam indiferentes às suas glórias e, nos melhores casos, seu compromisso era bastante intermitente.

E, contudo, os antigos teólogos não diziam simplesmente: «Essa é a melhor sociedade que você vai conseguir encontrar; portanto, ponha um sorriso no rosto e aguente firme». Em vez disso, diziam: «Essa é, de fato, a sociedade perfeita».

Perfeita? Só se fosse uma perfeição invisível.

Pois essa era a questão. A perfeição essencial não pode ser vista: é celeste. Deus compartilhou sua vida com a Igreja, divinizando-a. E a glória divina é invisível aos nossos olhos mortais, pelo menos por enquanto.

Mas a sociedade perfeita também é a Igreja que conhecemos. Mesmo a Igreja terrena é perfeita, porque possui todos os meios necessários para aperfeiçoar seus membros. E entre esses meios estão os anjos e os santos.

Nenhum de nós será canonizado antes de ter chegado em casa, isto é, antes de ter morrido e chegado ao céu. Enquanto esse dia não chega, voltamos o olhar para a Igreja celeste, cujos membros carregam as quatro notas de maneira mais intensa e verdadeira do que nós. Queremos ser mais semelhantes a eles ao longo dos nossos dias na terra. E fazemos isso crescendo em amizade com eles.

Não há duas igrejas: uma terrena e outra celeste. Deus não segrega sua elite sublime e celeste da multidão de pessoas comuns que esquentam os bancos das igrejas na terra. Você e eu acreditamos numa Igreja que é, a um só tempo, celeste e terrena. Nessa Igreja, os santos estão presentes e disponíveis para nós. São parte da nossa família. São irmãos mais velhos, só que purificados de toda a rivalidade, impaciência e irritabilidade. Querem nos ajudar a ser como eles são (santos). Querem nos ajudar a chegar em casa.

É por isso que Deus apresenta a sua Igreja a Cristo como uma noiva, no meio de um banquete de casamento. É uma questão familiar. É assunto de família.

Este livro é uma celebração dessa sociedade perfeita, dessa ruidosa família: a Igreja celeste. Começaremos com alguns capítulos introdutórios sobre a santidade em geral antes de passar a uma série de capítulos sobre alguns santos específicos.

Os capítulos da segunda parte são meditações curtas que focam apenas um ou dois aspectos dos pensamentos e das conquistas de um santo. Há muitos outros santos e muito mais a aprender; aprender; portanto, espero poder inspirá-lo a dar início à sua própria pesquisa.

Este livro não contém um catálogo de santos, mas apenas uma pequena amostra deles. Tentei preservar aqui uma variedade que fosse representativa do todo, incluindo anjos e pessoas comuns, personagens do Antigo Testamento e do Novo, leigos e clérigos, antigos e modernos. À medida que preparo o livro para publicação, no entanto, noto que os santos escolhidos tendem a ser aqueles com os quais eu tenho algo em comum. São, em sua maior parte, professores, acadêmicos e escritores. A diversidade presente na Comunhão dos Santos é muito maior do que a que trago representada neste livro. Se um dia você decidir escrever seu próprio livro, tenho certeza de que sua lista será diferente da minha.

Cada capítulo traz também textos do santo em questão ou escritos sobre ele. Procurei escolher passagens que inspirassem a oração e nos exortassem a imitar as virtudes de cada personagem. Esses escritos aparecem sob o título «Medite no coração», uma frase inspirada nos dizeres de São Lucas sobre a Rainha de Todos os Santos: Maria conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração (Lc 2,19).

Rezo para que esses santos nos levem a uma compreensão mais profunda da Igreja, a sociedade perfeita da qual eles participam conosco.