A Penitência Por Meio Da Pregação

30/11/2022

De acordo com o Catecismo da Igreja Católica:

"A cruz é o único sacrifício de Cristo, mediador único entre Deus e os homens. Mas porque, na sua pessoa divina encarnada. «Ele Se uniu, de certo modo, a cada homem», «a todos dá a possibilidade de se associarem a este mistério pascal, por um modo só de Deus conhecido». Convida os discípulos a tomarem a sua cruz e a segui-Lo porque sofreu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigamos os seus passos. De facto, quer associar ao seu sacrifício redentor aqueles mesmos que são os primeiros beneficiários" (CIC 618).

A expiação, assim, faz parte da grande missão que Deus dá a todos nós.

"Tomar a nossa cruz" assume muitas formas. Claro, há a penitência dada a nós por um sacerdote após a confissão e o sofrimento redentor coletivo que todos nós encontramos de tempos em tempos. Há também a forma auto-infligida de penitências que damos a nós mesmos; jejum, mortificação e a prática anual de abrir mão [insira aqui sua coisa favorita] para a Quaresma.

Mas existe outra forma de apagar os efeitos dos nossos pecados, talvez a mais subestimada de todas, que poucos consideram: a pregação.

Durante seu ministério, a principal missão de Jesus foi proclamar o Reino de Deus em palavras e ações. Ele encheu os ares com suas palavras e milagres para que os corações das pessoas a quem Ele pregasse fossem movidos à virtude. Como resultado, suas palavras permanecem em nossos corações hoje enquanto ecoam em nossas almas na esperança de que nós também recebamos Suas graças e alcancemos nossa salvação.

Curiosamente, Jesus nos encarregou de nos tornarmos participantes de sua mesma missão de salvar almas. Ele nos disse para "Ide, pois," e "ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi." (S. Mateus 28, 19-20). Para dar mais peso às Suas já elevadas expectativas com relação a nós, Ele disse: "Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito." (S. Mateus 5, 48).

Isso é meio que uma tarefa difícil...

Mas não para por aí. Com seu desafio, Jesus também nos deu uma promessa. Ele disse: "Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo" (S. Mateus 28, 20). Além disso, Ele nos deu motivação para erradicar nossas falhas por meio de nossa própria pregação. Ele nos disse que "aquele que fizer um pecador retroceder do seu erro, salvará sua alma da morte e fará desaparecer uma multidão de pecados." (S. Tiago 5, 20). Essa última parte, sobre cobrir uma multidão de pecados, é bem curiosa, não é? O bom Deus nunca mencionou exatamente de quem seriam os pecados cobertos. Aquele a quem afastamos do pecado? Nós que os chamamos? Ou é uma forma coletiva de sofrimento redentor para reparar todos os que pecaram?

Jesus não diz.

Somos levados a acreditar, então, que o ministério do qual participamos para a salvação de almas não apenas salvará os outros, mas também ajudará a salvar nossas próprias vidas cancelando todos os pecados que nos condenam.

Não somos perfeitos. Parece ilógico que Deus nos envie, imperfeitos como somos, para proclamar o Reino. Quem somos nós senão pecadores fracos para cumprir a vontade de Deus pregando e servindo aos outros como Ele fez? Na verdade, não somos nada sozinhos. Mas com Deus nos tornamos algo maior.

O livro de Hebreus afirma: "Cristo ofereceu pelos pecados um único sacrifício e logo em seguida tomou lugar para sempre à direita de Deus, onde espera de ora em diante que os seus ini­migos sejam postos por escabelo dos seus pés. Por uma só oblação ele realizou a perfeição definitiva daqueles que recebem a santificação." (Hebreus 10:12-14). Embora sejamos imperfeitos em nossa humanidade, atualmente estamos sendo aperfeiçoados pela graça de Deus na medida em que o buscamos. A fé se manifesta no amor, e a efusão do nosso amor é o que edifica a nossa santificação.

Você está sendo edificado em uma "casa espiritual" na qual o fundamento é aquele dos Apóstolos e de Maria, com Cristo como a pedra angular. (1 S. Pedro 2, 4-5). Tudo o que você precisa fazer é contemplar a missão que Deus lhe deu para cumprir e depois se esforçar incansavelmente para cumpri-la.

É por isso que a pregação é tão importante para nosso próprio senso de missão. Quando lemos as palavras de Cristo nas Escrituras, cumprimos misticamente Sua palavra conforme ela se manifesta em nossos corações. É uma palavra viva, um logos, que nos anima e nos dá clareza de pensamento, força na virtude e sábio discernimento. Estas são as mesmas características de todos os santos que, quando ouviram a voz de Deus, responderam a ela.

A pregação é uma missão que leva uma vida inteira para ser concluída. É palavra. É ação. Mas, antes de tudo, é um desejo espiritualmente carregado não apenas de conhecer a Deus, mas de torná-Lo conhecido. Nunca saberemos se estamos fazendo isso com perfeição até o dia em que entrarmos no céu e contemplarmos o produto final de nosso trabalho na terra. Então, quando nós também existirmos além do espaço e do tempo, veremos nossas vidas através da visão eterna de Deus e nos veremos como realmente somos.

A maneira como Deus nos vê.

"...Assim também ordenou o Senhor que os que anunciam o Evangelho vivam do Evangelho" (1Cor. 9, 14).

Autor: T.J. Burdick

Original em inglês: Catholic Exchange