A Paixão de Jesus na Arte Sagrada: Meditando os Mistérios Dolorosos do Rosário

14/04/2022

Você tem notado a proliferação de imagens de zumbis apocalípticos, caveiras e temas desse tipo em todos os lugares de entretenimento popular ou mesmo na moda em nossa sociedade? O fenômeno é irônico, pois justo agora que esse tipo expressão "artística" passou a ocupar a mídia mais extravagante, a vida real se torna cada vez mais anestesiada. A morte e o pecado são varridos para fora da vida.

Feridas autênticas e sensibilidades aparte, um antídoto para essa insanidade é a Paixão de Jesus Cristo, que a Igreja recapitula todo ano na semana no Tríduo (Sexta-feira Santa, Sábado Santo e Domingo de Páscoa). É sobre isso que meditamos nos Mistérios Dolorosos do Rosário ao longo do ano. E devemos meditar ainda mais profundamente nos últimos dias da Quaresma.

Se você já viu o filme de Mel Gibson, A Paixão de Cristo - aqui legendado e aqui dublado - sabe o quão visceral é ver e meditar sobre o sofrimento de Cristo. Quando se trata de rezar o Rosário, que muitos dos santos chamaram de arma, pode ser útil ter uma imagem para se concentrar ao rezar. O esforço para se concentrar é faz parte do criar o hábito. Você ficará surpreso de como a combinação da repetição e com o retorno às imagens e pensamentos familiares podem de fato abrir caminho para novas ideias, compreensões mais profundas e maior amor para com Nossa Senhora e Nosso Senhor.

A Agonia no Jardim das Aflições

Nikolai Ge, Sobre o Monte das Oliveiras, 1869-1880.

Esta impressionante pintura do artista russo, Nikolai Ge, me remete imediatamente para a agonia espiritual - e essa palavra, agonia, ela mesma parece fazer soar um gongo no meu coração - aquele da solidão que nosso Senhor sofreu no início de sua Paixão. Nikolai Ge não usa nenhuma cor - como o pecado do mundo inteiro e toda a história pesa sobre o coração de Jesus, a bondade animadora das cores foi drenada do mundo naquela noite da pior traição do mundo.

Caravaggio, A Prisão de Cristo, 1602, Galeria Nacional da Irlanda

Ao rezar o Rosário, é o sofrimento solitário e antecipador de Jesus no Jardim das Aflições que tipicamente imagino. Mas esta cena - tão brilhantemente e eletricamente representada por Caravaggio - é impossível deixar de fora. O uso característico de Caravaggio de luz e sombra, claro-escuro, faz uma cena de um profundo drama. O caos, a multidão orientada pelo mal na execução de Nosso Senhor, foi irremediavelmente posto em movimento. Judas beija o Cristo. O clamor dos soldados romanos que O agarram. Outro discípulo lamenta em segundo plano. E Jesus, gentil à submissão, manso e humilde de coração, aceita o que Ele sabe que está em andamento.

A Flagelação na Coluna.

William-Adolphe Bouguereau,

A Flagelação de Nosso Senhor Jesus Cristo, 1880, Catedral de La Rochelle.

Com frequência reflito aqui sobre o Sudário de Turim, cenas da Paixão de Cristo (novamente) e o preço terrível que Jesus pagou por um mundo de pecados da carne. Esta pintura capta a energia da loucura, frenética e insana, em contraste com a pureza e a inocência de Nosso Senhor. Aquele que nos DEU toda a beleza e perfeição de sua carne... para depois Ele carregar neste Seu corpo perfeito os violentos golpes de desejo por sangue.

A Coroação com Espinhos

G. van Honthorst,

Cristo Coroado com Espinhos, c. 1617, Museu de Arte do Condado de Los Angeles

Imagino esse Mistério como o insulto final à - e a inversão da - autoridade. A zombaria do Rei dos Reis e, portanto, a zombaria da paternidade e de toda ordem sagrada hierárquica. Eles encravaram o que era - para todos os efeitos e propósitos - um arbusto amaranhado de espinhos em sua cabeça. As relíquias da Paixão de Nosso Senhor indicam que a coroa não era um mero anel delicado pousado sobre suas orelhas. Não, ela COBRIA Sua cabeça. E estava presa a Ele. Sua preciosa cabeça - a MENTE DE DEUS - a fonte da realidade e do bem e de toda a verdade. Ele suportou esse arbusto de espinhos também por causa da doença mental do mundo e pelos pecados contra a verdade, ou seja, heresia, mentiras, uso indevido do intelecto humano. Qualquer pessoa que preste atenção às feridas do nosso mundo contemporâneo pode ver aquelas feridas onde quer que o nosso olhar pare - pecados de falsidade e rejeição da verdade. Esta coroa foi sua resposta.

A Cruz às Costas

Ticiano, Cristo Carrega a Cruz, circa 1565, Prado Museum, Madrid

O olhar direto de Jesus nesta pintura me condena. Como a evidência científica recente sugere, o homem que estava envolvido no Sudário de Turim carregava, de um lado de seus ombros, um objeto horrivelmente pesado. Meu pecado fez isso a Ele - um peso que Ele carregou por mim, e um objeto sobre o qual Ele foi morto.

A Crucifixão

Diego Velázquez, Cristo Crucificado, 1632, Museu do Prado

O que mais pode ser ditto? Consummatum est. Está consumado.

Enquanto meditamos sobre esses Mistérios Dolorosos do Santíssimo Rosário, especialmente nesta semana, possamos permitir que nossos corações e nossa imaginação sofram com Jesus e peçamo-Lhe que nos ajude a unir nossos sofrimentos aos dEle.

Podemos também contemplar o sofrimento que Sua mãe suportou, acompanhando cada passo Seu para o Calvário, conhecendo Ela própria tão intimamente Sua inocência e Amor infinito, Ela teve que sofrer, em certo, sua própria paixão Aos nos voltamos para Nossa Senhora, em busca de consolação e conforto, lembremo-nos de consolá-la em retribuição.

Sagrado Coração de Jesus - Miserere nobis - Tenha piedade de nós.

Doloroso Coração de Maria - Ora pro nobis - Rogai por nós.

Por Winifred Corrigan