A Corrupção na Universidade x A Natureza das Realidades Culturais

09/10/2018

Pesquisadores reescrevem "Mein Kampf"[1] como uma dissertação feminista e é aceita por periódico acadêmico para publicação

Por Petr Svab | 5 de outubro de 2018

Três pesquisadores acadêmicos reescreveram partes do livro "Mein Kampf", de Adolf Hitler, deram a ele um jargão de extrema esquerda e fez dele parte importante de um "trabalho de pesquisa" intencionalmente absurdo. E uma notável revista feminista acadêmica o aceitou para publicação.

O artigo foi parte de um esforço maior dos pesquisadores acadêmicos James Lindsay, Peter Boghossian e Helen Pluckrose para expor os enviesamentos políticos em áreas de pesquisa em humanidades, como raça, gênero e sexualidade, de acordo com um comunicado a imprensa.

"Embora propositalmente tendenciosos e satíricos, nossos trabalhos são indistinguíveis de outros trabalhos nessas disciplinas. Esse é um grande problema, já que essa área acadêmica é ensinada em universidades, ocupadas por ativistas e passa informações errôneas para políticos e jornalistas sobre a verdadeira ", disse Boghossian, professor assistente de filosofia na Portland State University.

Durante um período de 10 meses, os três produziram 20 artigos que abordaram disciplinas como estudos de gênero, estudos de masculinidade, estudos queer, estudos de sexualidade, psicanálise, teoria crítica da raça, teoria crítica da branquitude, estudos sobre gordos, sociologia e filosofia educacional.

"Cada artigo começou com algo absurdo ou profundamente antiético (ou ambos) que queríamos transmitir ou concluir", escreveram em um ensaio de 2 de outubro.


Todos os artigos foram submetidos sob nomes falsos e instituições inventadas, como "Coletivo Feminista Ativista pela Verdade".[3]

Foi aceito para publicação pela Affilia: Journal of Women and Social Work. Seu editor, SAGE Journals, não respondeu a um pedido de que fizesse algum comentário.

Sete dos artigos foram aceitos para publicação e quatro já foram publicados, dizem eles, estimando ainda que de três a cinco outros trabalhos provavelmente teriam sido aceitos se eles não tivessem parado o experimento.

Os autores foram forçados a interromper o experimento logo depois que o artigo que escreveram "Cachorros no Parque" chamou a atenção da conta do Real Peer Review no Twitter, uma plataforma dedicada a expor pesquisas de má qualidade. Após o artigo ser bem ridicularizado nas redes sociais, a imprensa pegou a história e expôs uma das identidades falsas usadas pelos autores.

"Depois de passarmos um ano envolvidos nisso e termos nos tornado reconhecidos como especialistas nesses campos, além de testemunharmos os efeitos discriminatórios e destrutivos que os ativistas e as turbas das redes sociais colocam em prática, podemos agora afirmar, com segurança, que isso não é bom e nem saudável" afirmaram eles.

Cachorros no Parque

Um dos artigos foi intitulado "Reações Humanas à Cultura do Estupro e a Performatividade Queer em Parques Urbanos para Cachorros em Portland, Oregon". O artigo apresentava os parques para cães como "espaços tolerantes ao estupro e um lugar de cultura de estupros caninos e opressão sistêmica contra 'cães oprimidos' por meio do qual as atitudes humanas para ambos problemas podem ser mensurados."

O artigo chegou a sugerir que treinar homens como cães é uma forma de "interromper as hegemonias masculinistas".

O artigo foi publicado em Gender, Place & Culture: A Journal of Feminist Geography.

Aliás, a revista homenageou o artigo como uma das 12 principais obras em geografia feminista na comemoração de seus 25 anos.

Uma porta-voz da revista disse que já tinha sido publicado uma Nota de Preocupação sobre o artigo e que uma "retratação por conta deste artigo já estava em andamento antes que essa farsa fosse revelada, e que agora foi removida do registro acadêmico", disse ela.

"Checamos o todos os dados enviados, a avaliação pelos pares e o histórico da produção do documento. O editor da revista realizou verificações padrão, incluindo a verificação da presença on-line do autor. O que ficou evidente foi que se tratou de uma fraude sofisticada e trabalharemos com nossos editores da revista para fornecer orientação sobre como identificar as características de envios fraudulentos e quais os passos a seguir caso se tenha alguma suspeita sobre um manuscrito em particular."

Ela deixou de mencionar, no entanto, que a revista só emitiu a Nota de Preocupação após o artigo ter sido ridicularizado nas mídias sociais e seu autor fictício ter sido investigado pelo The Wall Street Journal.

A Rainha Está Nua

Em outra manobra ardilosa, um dos autores retirou alguns "poemas" de um site que automaticamente gera cópias de poesia para adolescentes. Depois de alguns ajustes, o autor intercalou os poemas "com reflexões autoetnográficas autoindulgentes sobre sexualidade e espiritualidade femininas" e foi aceito pelo Journal of Poetry Therapy, sob o nome "Os Encontros da Lua e o Significado da Irmandade: Um Retrato Poético da Espiritualidade Feminista Vivenciada"[2].

Todo o trabalho de 11 páginas foi produzido em seis horas por Lindsay, um homem com doutorado em matemática.

O objetivo era "ver se as revistas aceitarão o absurdo desmedido se for suficientemente pró-mulher, implicitamente anti-masculino e completamente anti-razão, com o propósito de ressaltar formas alternativas do saber feminino".

O editor da revista, Nicholas Mazza, confirmou em um e-mail ao Epoch Times que o artigo passou pela avaliação pelos pares e foi aceito para publicação.

"Eu imediatamente retirei o artigo depois de tomar conhecimento (por meio de um jornalista do The Wall Street Journal), que o autor era uma fraude", disse Mazza, reitor e professor emérito da Faculdade de Serviço Social da Universidade Estadual da Flórida.

"Embora seja valioso do ponto de vista do aprendizado em relação à autenticidade da autoria e de manuscritos, deve-se notar que os autores do 'estudo' claramente se engajaram em práticas de pesquisa fraudulenta e antiéticas."

Mein Kampf Feminista

O artigo "Mein Kampf" plagiou passagens do Capítulo 12 do Volume 1 das divagações antissemitas de Hitler, nas quais ele expôs porque acreditava que o Partido Nazista era necessário e o que exigia de seus membros. Porém, no artigo foram substituídas as referências aos judeus e ao socialismo nacional por palavras como "privilégio", "feminismo" e "opressão". Conseguiu-se até mesmo referenciar algumas das afirmações com a literatura pós-moderna existente.

"Portanto, deve ser repetidamente apontado que o privilégio sempre busca se preservar (Bailey, 2014, 2017; Dotson, 2014). O privilégio, portanto, sempre recua. Isso ocorre muitas vezes por (inadvertida) desonestidade intencional ou ignorância estratégica (Bailey, 2017; Dotson, 2011), tanto que mesmo a verdade ocasional que se manifesta contra a libertação se destina principalmente a encobrir uma falsificação maior e, portanto, funciona como uma ferramenta de inverdade ou exclusão epistêmica/opressão (Dotson, 2014)", afirma o artigo.

Foi reescrito de Hitler:

"Deve ser repetidamente apontado para os adeptos do movimento e, em um sentido mais lato para todo o povo, de que nos seus jornais, o judeu mente e que até mesmo uma verdade ocasional se destina apenas para encobrir uma falsidade maior e é, portanto, por sua vez, uma mentira deliberada".


Todos os artigos foram submetidos sob nomes falsos e instituições inventadas, como "Coletivo Feminista Ativista pela Verdade".[3]

Foi aceito para publicação pela Affilia: Journal of Women and Social Work. Seu editor, SAGE Journals, não respondeu a um pedido de que fizesse algum comentário.

Notas:

[1] N. T.: Minha Luta

[2] N.T.: Original em inglês: Moon Meetings and the Meaning of Sisterhood: A Poetic Portrayal of Lived Feminist Spirituality

[3] N.T.: Original em Inglês: "Feminist Activist Collective for Truth."


Original em inglês: The Epoch Times