5 Símbolos-chave da Graça na Bíblia

12/07/2025

Há muitas maneiras diferentes de definir a graça. Uma maneira simples de pensar sobre ela é como um dom divino. O Catecismo da Igreja Católica explica: "A graça é o favor, o socorro gratuito que Deus nos dá, a fim de respondermos ao seu chamamento para nos tornarmos filhos de Deus filhos adoptivos participantes da natureza divina e da vida eterna" (1996). A cada hora de cada dia, Deus está nos enviando presentes gratuitos para nos ajudar em nossa jornada de volta a Ele. E por toda Escritura, Ele nos fornece uma série de símbolos que ajudam a transmitir a beleza e o poder dessa incrível graça.

1. A Madeira

Já nas páginas iniciais da Bíblia, temos a árvore da vida, que serve como uma imagem da união eterna que Adão e Eva foram chamados a desfrutar com Deus (ver Gênesis 2, 9). Mais adiante, em Gênesis, temos a arca de Noé, que muitos dos Padres da Igreja consideravam um símbolo poderoso da graça de Deus: pela madeira da arca, a humanidade é resgatada das águas da morte (ver Gênesis 6). Também podemos pensar na madeira que Isaac carregava quando subiu o Monte Moriá com seu pai Abraão (ver Gênesis 22, 6). A madeira do sacrifício de Isaac foi, por si só, um prenúncio do madeiro que Cristo carregou até o Calvário cerca de 2.000 anos depois. É claro que não há maior símbolo de graça do que o madeiro da Cruz de Cristo. Como a Igreja proclama em sua liturgia toda Sexta-Feira Santa, "Eis o lenho da Cruz, do qual pendeu a Salvação do Mundo!"

2. A Água

A água é a substância mais comum do planeta. No entanto, apesar disso - ou melhor, por causa disso - ela se destaca nas Escrituras como um símbolo potente da graça vivificante de Deus. Como explica o Catecismo, "desde o princípio do mundo, a água, esta criatura humilde e admirável, é a fonte da vida e da fecundidade" (1218). Vemos isso na narrativa do dilúvio de Noé, quando as águas provam ser uma fonte não apenas de morte, mas também de renovação espiritual. Na narrativa do Êxodo, a água novamente desempenha um papel central, tanto no Mar Vermelho quanto no rio Jordão. Para os Padres da Igreja, esses dois corpos d'água representavam os dois polos da vida cristã: somos imersos nas águas do Mar Vermelho em nosso batismo; isso é seguido por nossa peregrinação terrena pelo deserto; e, finalmente, no final de nossas vidas, nós (esperamos) cruzamos o Rio Jordão para a Terra Prometida do céu. O rico simbolismo do Antigo Testamento em torno da água continua no Novo Testamento, particularmente na Crucificação, quando o sangue (significando a Eucaristia) e a água (significando o batismo) fluem do lado de Cristo (ver João 19,34).

3. O Fogo

Nas Escrituras, não é apenas a água, mas também o fogo que transmite a presença e o poder salvador de Deus. Como observa o Catecismo, "enquanto a água significava o nascimento e a fecundidade da vida dada no Espírito Santo, o fogo simboliza a energia transformadora dos atos do Espírito Santo" (696). Foi uma coluna de fogo que guiou os israelitas à noite durante sua permanência no deserto (ver Êxodo 13,31-32). O fogo também está associado aos maiores profetas, incluindo Elias, que "apareceu como um fogo e cuja palavra queimava como um facho ardente" (Sir 48:1), bem como João Batista, que aponta para Cristo como aquele que "vos batizará no Espírito Santo e em fogo" (Mt 3,11). Essa imagem de fogo é retomada pelo próprio Jesus quando Ele exclama: "Eu vim lançar fogo sobre a terra e só quero que ele se tenha ateado!"(Lucas 12:49).

4. A Nuvem

Foi uma coluna de fogo que guiou os israelitas durante a noite, mas foi uma coluna de nuvem que os guiou durante o dia. Em toda a Escritura, a presença divina é revelada na forma de uma nuvem, como explica o Catecismo: "Desde as teofanias do Antigo Testamento, a nuvem, umas vezes escura, outras luminosa, revela o Deus vivo e salvador, velando a transcendência da sua glória" (697). A nuvem aparece com Moisés no Monte Sinai (ver Êxodo 24,15-18), e novamente na tenda do encontro (ver Êxodo 33,9-10), e novamente com Salomão na dedicação do Templo (ver 1 Reis 8,10-12). No Novo Testamento, a nuvem também aparece em várias ocasiões, inclusive na Transfiguração. A palavra grega usada para descrever como uma nuvem "encobriu" Cristo e Seus discípulos no Monte Tabor é o mesmo verbo usado pelo Anjo Gabriel ao anunciar a Maria que ela daria à luz o Deus-homem em seu ventre: "O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra" (Lucas 1,35).

5. O Pão e o vinho

Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, o pão e o vinho aparecem de forma proeminente como símbolos da graça de Deus. O pão desempenha um papel importante na vida do povo de Deus, seja o maná que os israelitas recebiam do céu (ver Êxodo 16), seja o pão da Presença que era mantido continuamente na tenda do encontro (ver Lv 24), seja a abundância de pães que Jesus produz milagrosamente na alimentação dos 5.000 e dos 4.000 (veja Mt 14,13-21; 15,29-39). O vinho também é um tema frequente nas Escrituras como símbolo da alegria divina e das bênçãos espirituais (ver Joel 2,24; 3,18; Amós 9,13-14). Jesus faz uso dessa imagem no casamento em Caná, quando fornece aos convidados uma superabundância do melhor vinho (ver João 2,1-12). É claro que em nenhum lugar da Bíblia o pão e o vinho simbolizam a graça divina de forma mais poderosa do que na Última Ceia, quando Jesus nos dá Seu Corpo e Sangue sob a aparência externa de pão e vinho (ver Lucas 22,19-20; cf. Catecismo 1333-35).

Autor: Clement Harrold

Original em inglês: St. Paul Center