10 Coisas Que A Bíblia Nos Diz Sobre São José

Nos últimos tempos, tem havido uma nova onda de devoção a São José, o casto esposo de Maria e pai adotivo de Jesus. Em 1870, o Beato Pio IX declarou José Padroeiro da Igreja Católica. Em 1955, o Papa Pio XII adotou o dia 1º de maio como a Festa oficial de São José Operário.
São João XXIII adicionou o nome de José ao Cânon Romano, e São João Paulo II o saudou como o "Guardião do Redentor". Mais recentemente, o Papa Francisco escreveu a carta apostólica Patris Corde ("Com Coração de Pai"), escrita no 150º aniversário da nomeação de São José como Padroeiro da Igreja Universal.
À medida que a Igreja continua a crescer em seu apreço por São José, vale a pena dedicar algum tempo para considerar os lugares onde ele aparece nas Escrituras e o que eles podem nos dizer sobre a vida e as virtudes deste santo extraordinário.
1. Ele era da linhagem real de Davi.
São Mateus (ver Mt 1, 3-6) e São Lucas (ver Lc 3, 31-33) descrevem José como descendente do Rei Davi, da linhagem de Judá. Quando um anjo aparece em sonho para exortar José a não se divorciar de sua esposa Maria, o anjo diz a José para ter coragem, invocando sua linhagem real: "José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher" (Mt 1, 20).
2. Sua vida foi marcada pelo silêncio.
É notório que os Evangelhos nunca registram José dizendo uma única palavra. São João Paulo II observou que esse silêncio tem "uma especial eloquência" que "desvenda de maneira especial o perfil interior desta figura". Em particular, argumenta o papa, o silêncio de José sugere que todas as suas ações foram caracterizadas por "clima de profunda contemplação".
3. Ele era um observador devoto da Lei Mosaica.
Os Evangelhos descrevem José como "sendo justo" (Mt 1,19), ou seja, alguém que levava a lei de Deus a sério. Isso é corroborado não apenas pelo fato de a Sagrada Família ir "todos os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa" (Lc 2,41), mas também pela decisão de José e Maria de apresentar Jesus no Templo quarenta dias após Seu nascimento. Como a Lei Mosaica não exigia em nenhum lugar que esse ritual ocorresse dentro do Templo, a Sagrada Família estava sendo ainda mais devota ao viajar a Jerusalém para a ocasião.
4. Ele teve vários sonhos com anjos.
O Evangelho de São Mateus registra um anjo visitando José em sonho em nada menos que três ocasiões: encorajando-o a não se divorciar de Maria (ver Mt 1,20), alertando-o para fugir com sua família para o Egito no meio da noite (ver Mt 2,13); e instruindo-o a retornar a Israel após a morte de Herodes (ver Mt 2:19-20). José então recebe um quarto sonho, alertando-o a não levar sua família de volta para a Judeia, como havia planejado, levando-o a seguir para o norte, para a Galileia (ver Mt 2, 22). São Mateus não nos diz se esse quarto sonho veio de um anjo ou diretamente de Deus.
5. Ele provavelmente era pobre.
Um dos títulos que compõem a Ladainha de São José é "Amante da Pobreza". Embora não saibamos exatamente qual teria sido a situação financeira de José como tekton, ou carpinteiro (Mt 13, 55), sabemos que, quando ele e Maria trazem o menino Jesus ao Templo, a oferta que fazem — "um par de rolas ou dois pombinhos" (Lc 2, 24) — é a oferta que a Lei prescrevia para as famílias que não tinham condições de sacrificar um cordeiro (ver Lv 12, 8).
6. Ele viveu pelo menos até Jesus se tornar adolescente.
Parte do que torna o relato de São Lucas sobre o encontro de Jesus no Templo tão fascinante é que ele nos mostra que José ainda estava vivo quando Jesus tinha doze anos (ver Lc 2, 42) e por algum tempo depois disso (ver Lc 2, 51). Isso nos diz que José esteve com Jesus durante grande parte dos "anos ocultos" que a Sagrada Família passou em Nazaré. A tradição católica afirma que José morreu em paz nos braços de Jesus e Maria algum tempo antes de Jesus iniciar Seu ministério público.
7. Sua vida foi prefigurada no Antigo Testamento.
A história de José no Antigo Testamento prenuncia a de São José no Novo Testamento. Ambos os Josés tiveram um pai chamado Jacó (ver Mt 1, 15); ambos deixaram suas casas e foram para o Egito; ambos tinham uma habilidade especial para interpretar sonhos; ambos eram conhecidos por sua castidade; e ambos experimentaram grande pobreza e sofrimento sem reclamar. Ainda mais impressionante, ambos os Josés foram responsáveis por alimentar o mundo inteiro: assim como o primeiro José foi feito o braço direito do Faraó e forneceu grãos para todos os povos quando a fome chegou, o segundo José foi feito o pai do Filho de Deus, e a ele foi confiado o cuidado dAquele que se tornaria o Pão da Vida para todos os homens.
8. Ele percebeu que Maria teria que enfrentar grande sofrimento sem ele.
Quando José e Maria levam o menino Jesus ao Templo, quarenta dias após o Seu nascimento, são recebidos pelo devoto Simeão, que toma Jesus nos braços e bendiz a Deus com as famosas palavras do Nunc dimittis. São Lucas nos conta que "seu pai e sua mãe estavam admirados com o que diziam dele" (Lc 2,33). Simeão então profere uma profecia dirigida exclusivamente a Maria, embora José esteja bem ao lado dela: "e a ti, uma espada traspassará tua alma!" (Lc 2, 35). Podemos nos perguntar quantas vezes José se lembrou dessa cena nos últimos anos, quando sua saúde começou a piorar e ele percebeu que não estaria lá para apoiar sua esposa e seu filho em sua maior provação.
9. Ele experimentou o que é sentir a ausência de Deus.
Para aqueles de nós que já se sentiram distantes de Deus, a experiência de José e Maria ao perderem seu Filho por três dias é um lembrete de que eles conhecem a nossa dor, pois, de alguma forma, a experimentaram. Quando São Lucas descreve como José e Maria estavam "aflitos" (Lc 2,48) pelo seu Filho, o único outro lugar em que essa situação aparece em seu Evangelho é na descrição da agonia do homem rico no Hades (ver Lc 16,24-25). A implicação é surpreendente: para os pais de Jesus, aqueles três dias de busca foram o inferno na terra. Mesmo que não cometam pecado algum nesse episódio, a experiência de terem a vida divina removida de seu meio lhes oferece uma visão pessoal da desolação dos pecadores em todos os lugares.
10. Ele era a principal imagem que Jesus tinha do que significa ser pai.
Uma das heresias cristológicas rejeitadas pela Igreja primitiva foi o Apolinarismo, que sustentava que Jesus não possuía uma mente humana. Contra seus detratores, a Igreja insistia que Jesus não era apenas totalmente divino, mas também totalmente humano. Como Jesus possuía uma mente verdadeiramente humana, José teria servido como Sua principal imagem mental para o que significa a paternidade. Portanto, sempre que Jesus orava ao Seu Pai celestial ao longo de Sua vida — inclusive quando clamava da cruz: "Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito!" (Lc 23, 46) — em Sua imaginação humana, Ele provavelmente pensava em Seu pai humano, José, que sempre fora para Ele um reflexo tão belo da paternidade divina.
Ite Ad Joseph! ("Ide a José!")
O fato de todos os quatro Evangelhos se referirem a Jesus como filho de José (ver Mt 13,55; Mc 6,3; Lc 4,22; Jo 6,42) deve nos inspirar a aprofundar nossa devoção a este santo singular que tem tanto a nos ensinar sobre o coração de Deus Pai. Historicamente, muitos dos grandes santos da Igreja Ocidental adotaram como suas as palavras do Faraó do Antigo Testamento, que fez de José, filho de Jacó e Raquel, o vice-rei do Egito. Quando o Egito passou por uma fome, o Faraó instruiu todos os seus súditos: "Ide a José; fazei o que ele vos disser" (Gn 41,55). Este é certamente um bom conselho para todos nós quando se trata de imitar o novo e maior São José: o Chefe da Sagrada Família, o Terror dos Demônios e o Protetor da Santa Igreja.
Autor: Clement Harrold
Original em inglês: St. Paul Center