Historiador Do Holocausto: A Big Tech Não Regulamentada Compromete A Vida, A Liberdade

Um historiador premiado traçou paralelos entre a cooperação da IBM com sua assistência na conquista nazista genocida da Europa para empresas modernas de Big Tech que reprimem a liberdade de expressão, bem como monitoram e moldam o comportamento por meio da tecnologia de informação.
Church Militant entrevistou o autor de grandes sucessos Edwin Black(1) sobre os perigos que a Big Tech representa para as liberdades civis e o futuro dos Estados Unidos. A Big Tech consiste nas corporações de tecnologia da informação mais dominantes do mundo: Amazon, Apple, Google, Facebook e Microsoft. Como cronista de delitos cometidos por corporações com e sem fins lucrativos, Black disse que há muito se preocupa com o que vê como sendo o controle abrangente sobre os negócios e a política nos Estados Unidos e em grande parte do mundo.
Além de uma carreira como jornalista investigativo, Black escreveu best-sellers expondo organizações sem fins lucrativos e empresas. Em 'Guerra Contra os Fracos' - esgotado - por exemplo, ele vinculou o movimento eugênico americano e a limpeza étnica do início do século 20 ao seu florescimento nos campos de extermínio nazistas, enquanto que em Internal Combustion - Combustão Interna -, ele mostrou como acordos obscuros entre corporações sabotavam energia e veículos alternativos e que resultou na dependência do petróleo.
Vinte anos atrás, Black publicou A IBM e o Holocausto, que expôs como a IBM ajudou o regime nazista antes e durante a Segunda Guerra Mundial na organização de todas as seis fases de seu programa de extermínio racista e a Blitzkrieg. Black descreveu em seu livro, que foi traduzido para várias línguas e usado em nível universitário em todo o mundo, como a IBM ajudou os nazistas na guerra e na identificação, exclusão, confisco, guetização, deportação e extermínio dos judeus europeus. Isso foi possível graças ao celebrado CEO da IBM, Thomas Watson Sr., que operava de seu escritório na cidade de Nova York por meio de subsidiárias europeias.
Black mostrou que sem a IBM, o número de vítimas do nazismo teria sido muito menor. Como ele reiterou em um artigo publicado recentemente, foi a IBM que ajudou os nazistas a acionar o "Holocausto industrial, de alta velocidade, de seis milhões de pessoas, dimensionando residentes do gueto para serem colocados nos trens, em seguida, programando cuidadosamente esses trens em direção aos campos de concentração para o assassinato e a cremação em poucas horas, organizando o fluxo seguinte de carregamento de vítimas, dia e noite." Customizou programas da IBM que organizavam o despojamento, transporte e extermínio das vítimas do nazismo, garantindo" que os trens funcionassem no horário".
A IBM provou que algumas empresas podem escapar impunes de assassinatos e ainda continuarem a funcionar impunemente.
Em 1933, Adolf Hitler começou a planejar o extermínio de judeus e seus demais inimigos. Para colocar o plano do ditador para identificar e destruir suas vítimas, não havia computadores. Mas a IBM e seu sistema Hollerith de cartões perfurados estavam disponíveis para Hitler. A IBM foi a Big Tech de seu tempo e mais tarde se tornaria um titã em tecnologia da informação. Eram os cartões perfurados da IBM que conseguiam armazenar informações sobre pessoas, lugares e processos com base em como os orifícios característicos eram feitos em linhas e colunas. Os cartões foram colocados em leitores de alta velocidade e, escreveu Black, criou "algo que nunca existiu antes - informações organizadas.
A IBM, portanto, ofereceu aos nazistas a capacidade de "não apenas contar as pessoas em uma sala", escreveu ele, "mas também contar quantos homens, quantas mulheres, quantos judeus, quantos cristãos, quantos tinham cabelos loiros ou castanhos... todos os traços. "Cada campo de concentração nazista, Black demonstra, tinha um local-cliente da IBM para ajudar no genocídio. Ele escreveu: "A IBM provou que algumas empresas podem escapar impunes de assassinatos e ainda continuarem a funcionar impunemente.".
A Ameaça da Big Tech Moderna
Black traçou uma linha direta conectando a IBM da era nazista e seus crimes às grandes empresas de tecnologia de hoje. Ele escreveu que o medo do público da capacidade da Big Tech de "vigiar, censurar e controlar nossas vidas" em todo o mundo despertou o interesse em "IBM e o Holocausto". Em janeiro, o livro estava entre os 10 livros mais vendidos de qualquer categoria na Amazon, e disparou para o 1.º na história da Segunda Guerra Mundial, bem como história militar, perfis de empresas e história judaica. Quando lhe perguntaram se via alguma semelhança entre a histórica IBM e a Big Tech de hoje, ele disse: "Os paralelos são evidentes e assustadores".
Antevendo um futuro sombrio, Black escreveu que as pessoas precisam apenas olhar para a história de ajuda da IBM a Hitler antes que os computadores existissem. Ele escreveu: "Agora é a hora de perguntar o que um regime do tipo Hitler poderia fazer hoje com a rapidez da tecnologia portátil de alta velocidade de hoje?" Ele escreveu que a tecnologia de cartões perfurados da IBM entregava informações pessoais a assassinos nazistas, por meio da qual a "Era da Informação não nasceu no Vale do Silício, mas em Berlim em 1933", produzindo assim a "individualização das estatísticas, identificando e quantificando uma pessoa específica dentro de um contagem anônima. "
"A IBM e muitas empresas Big Tech têm usado sua tecnologia para ajudar governos estrangeiros, principalmente a China, a oprimir, esmagar e reprimir seu povo." Ao identificar a China comunista como o principal beneficiário da Big Tech, Black disse que a China está usando seu sistema de crédito social e tecnologia da informação em seu "genocídio do povo uigur e a subjugação de Hong Kong".
"Devíamos estar indignados com isso", disse Black, "mas porque não ficamos suficientemente indignados, a Big Tech viu a oportunidade e, não apenas a IBM, como também o Twitter, Facebook, Google e serviços de web da Amazon, de permitir que suas piores atividades se lançassem sobre os EUA." Revendo o cenário político, Black disse: "A Big Tech manipulou imperdoavelmente a eleição presidencial moldando e filtrando nossas informações e, em grande parte, impedindo nossa comunicação sobre o que precisávamos saber".
"Em outras palavras", disse ele, "como a IBM no Holocausto, a Big Tech manipulou a sociedade de acordo com suas próprias visões. Com a Big Tech, a diferença era que a IBM fez isso por dinheiro, o que eles fizeram na China foi por dinheiro. O que está sendo feito nos EUA é para fins políticos." Ele disse: "Em breve, isso significa que a Big Tech irá além de ser apenas uma ferramenta do governo e da sociedade, ela será um patrão do governo e da sociedade. Isso acontecerá com uma fusão: eles serão o parceiro subalterno, e o parceiro subalterno passará para o assento do motorista. "
Gueto Digital, Males do Crédito Social
Em 2018, Black cunhou o termo 'gueto digital' para descrever como fatos e história podem ser excluídos com o clique de um botão para o benefício de corporações e causas partidárias. Governadores não eleitos e tomadores de decisão anônimos garantem que as notícias das quais discordam ou desejam ocultar não sejam ouvidas ou enfatizadas. Em sua conversa com a Church Militant, ele citou o exemplo da China que prendeu 1 milhão de muçulmanos uigures, sujeitando-os a estupros, torturas e execuções sumárias, que quase não foram repercutidas publicamente.
O governo comunista da China lidera o mundo por meio da manipulação de notícias e mídia social, ao mesmo tempo que implantou um sistema de "crédito social" para controlar ainda mais seu povo. O sistema de crédito social é uma série de bancos de dados interligados que monitoram e avaliam o comportamento de quase todos na China. O governo comunista concede sua aprovação na forma de uma pontuação de crédito que, por exemplo, dá prioridade em saúde e habitação para pontuações altas e punição para pontuações baixas. A ampla vigilância por vídeo e rastreamento de celulares na China expandiu o alcance do governo e ameaça os direitos básicos.
Quando Black foi questionado se os americanos deveriam se preocupar com os controles tecnológicos no estilo chinês, ele disse "Toda a vigilância e controle invasivo não estão mais ao virar a esquina, estão em nossos bolsos" em referência aos telefones celulares onipresentes.
O celular é na verdade um computador conectado ao seu corpo, disse ele, acrescentando que os telefones podem rastrear seus portadores dentro de uma sala e interagir com computadores domésticos e televisores. "Quando eu era criança, ficávamos preocupados com as batidas na porta. Hoje você terá que se preocupar com o toque do celular", disse Black.
"Se a Apple e o Google puderem desconectar plataformas de que não gostam de seus servidores e lojas de aplicativos, quanto tempo levará para decidirem que as pessoas não podem usar seus celulares?" ele perguntou.
Pior ainda, Black disse que a Big Tech pode em breve começar a administrar o transporte com sistemas da Apple e do Google e veículos autônomos: "Eles podem atacá-lo de suas plataformas, desconectá-lo de seus servidores, bloquear as linhas de telefone e restringir sua capacidade de fugir em um veículo."
"Se a Apple e o Google puderem desconectar plataformas de que não gostam de seus servidores e lojas de aplicativos, quanto tempo levará para decidirem que as pessoas não podem usar seus celulares?"
Para lidar com o que ele vê como uma ameaça à democracia, Black disse que as várias corporações de Big Tech deveriam ser designadas como concessionárias de serviços públicos.
"Twitter, Facebook, serviços web, plataformas de comunicação, sejam eles à esquerda, à direita ou ao centro: os Facebooks do mundo não têm o direito de tomar decisões sobre nossas comunicações. Eles devem ser desmembrados e reduzidos a concessionárias regulamentadas de serviços públicos, como a companhia telefônica."
Black discutirá a ameaça representada pelas mídias sociais não regulamentadas e a Big Tech em seu programa semanal online, onde ele e seus convidados discutiram questões como geopolítica, história e novos autores.
Original em inglês: ChurchMilitant.com
Nota:
(1) - Seus livros em inglês podem ser baixados na Eletronic Library .