A Jihad Em Nice: Bispo Culpa A Europa, Cardeal Responsabiliza O Islã

04/11/2020

Um bispo português culpa o preconceito europeus pelo massacre e decapitação de três católicos inocentes por um imigrante muçulmano ilegal na Basílica de Notre Dame de Nice.

Vítimas da jihad, Nadine Devillers (E) e Simone Barreto Silva
Vítimas da jihad, Nadine Devillers (E) e Simone Barreto Silva

"O atentado de ontem na catedral de Nice não é luta do Islã contra o Cristianismo: é o resultado dos preconceitos daqueles europeus que não só não fomentam o diálogo intercultural e inter-religioso como até estão sempre de dedo em riste acusando as religiões". Bispo D. Manuel Linda de O Porto tuitou na sexta-feira.

Na quinta-feira, o jihadista tunisiano Brahim Aoussaoui massacrou o sacristão da basílica Vincent Loquès (54), pai de dois filhos,; Simone Barreto Silva (44), mãe de três filhos, que imigrou legalmente do Brasil para a França; e Nadine Devillers (60).

Logo após o Bispo D. Manuel Linda atribuir a responsabilidade do crime às vítimas e não ao perpetrador - culpabilização da vítima - o Cardeal africano Robert Sarah fez uma declaração responsabilizando o "fanatismo monstruoso" do islamismo radical pelo ataque jihadista a fiéis na cidade mediterrânea da França.

Convocando o Ocidente a lutar contra as forças jihadistas com "força e determinação", o prelado guineense de língua francesa advertiu que o Islã "não pararia sua guerra" contra a Europa.

"Infelizmente, nós, africanos, conhecemos isso muito bem. Os bárbaros são sempre os inimigos da paz. O Ocidente, hoje a França, tem que entender isso. Oremos", tuitou Sarah, prefeito da Congregação do Vaticano para o Culto Divino e a Disciplina do Sacramentos.

Enquanto os católicos nas redes sociais criticavam D. Manuel Linda e elogiavam o Cardeal Sarah, um teólogo australiano e editor do jornal esquerdista Novena News, Cameron Doody, acusava o cardeal negro de atiçar as "chamas da islamofobia".

Doody escreveu no Novena News:

A irresponsabilidade do Cardeal Sarah em colocar mais lenha na fogueira da discórdia entre "o Ocidente" e o mundo muçulmano - já violenta após o assassinato do professor de francês Samuel Paty no início deste mês e a insistência da revista francesa Charlie Hebdo e outros meios de comunicação em publicar caricaturas ofensivas aos seguidores do profeta Maomé - contrasta fortemente com a sensibilidade do Papa Francisco.

Em comentários à Church Militant, o membro da Assembleia Municipal de Londres, David Kurten, disse que era "não apenas insensível, mas monstruoso que um bispo católico estivesse culpando a França pelo ataque terrorista islâmico de Nice perpetrado por islamistas bárbaros".

"O bispo deveria, pelo menos, oferecer conforto às famílias das vítimas, não culpá-las neste momento em que seu sofrimento é maior", apontou Kurten, candidato a prefeito de Londres.

"Cabe aos africanos falar a verdade sobre o Islã radical, com Card. Robert Sarah dando um aviso franco sobre agressão destrutiva deles. O fato do Card. Sarah também ter sido condenado por um teólogo australiano é um reflexo do liberalismo apodrecido em todo o Ocidente", Kurten lamentou.

Em um segundo tweet, D. Manuel Linda tentou recuar: "O que se quer afirmar na minha mensagem anterior é que um fanático não representa o Islã. Mas muitos que veem neste ato uma guerra religiosa são os que mais desprezam as religiões. Evidentemente, condeno o atentado."

"Absurdo e ridículo. O senhor está culpando as vítimas. Esses comentários são profundamente ofensivos para todos os católicos e outros cristãos cujos familiares foram massacrados a sangue frio por agressores jihadistas. Acorde," O autor católico e apresentador de rádio Patrick Madrid tuitou de volta para o D. Manuel Linda.

Dois dias antes do Natal de 2018, o bispo da maior diocese de Portugal negou a virgindade física de Maria em uma entrevista ao jornal português Observador com Pe. Anselmo Borges.

Sacristão católico devoto Vincent Loquès, vítima da jihad.
Sacristão católico devoto Vincent Loquès, vítima da jihad.

"Não deveríamos falar da virgindade física de Maria", disse Linda. "Maria era virgem, mas apenas figurativamente. Ninguém sabe quando Jesus nasceu - e provavelmente nem foi em Belém."

As mulheres que não eram virgens podiam, de fato, ser "mais virginais, no sentido de se doar totalmente a Deus", acrescentou Manuel Linda.

Em meio a alegações de que ele havia sido citado incorretamente e na esteira das pequenas alterações do jornal à entrevista, Manuel Linda retrocedeu em seu sermão de Natal, observando que Maria foi declarada "'virgem antes, durante e após o nascimento' de maneira expressa desde o Sínodo de Milão (390 DC), ou 'Mater intacta', como dizemos na ladainha".

Em seu livro de 2019, The Day is Now Far Spent(1) Card. Sarah adverte o Ocidente sobre as "origens demoníacas" do "fanatismo islâmico, que mata para estabelecer um reino de terror".

A Europa deve oferecer o Evangelho aos imigrantes muçulmanos, escreve Card. Sarah. Mas porque a ela tem apenas "irreligião e consumismo bárbaro" para compartilhar, os muçulmanos "se refugiam no fundamentalismo islâmico".

"Mas ela duvida de si mesma e tem vergonha de sua identidade cristã. Por isso, acaba colhendo o desprezo", argumenta Sarah.

No domingo, a Associated Press (AP) indignou seus leitores ao culpar a França pelo "passado colonial brutal, as políticas seculares pesadas e a fala dura do presidente, que é visto como insensível à [religião] muçulmana", pelo terrorismo jihadista no país.

Por Jules Gomes ChurchMilitant.com 3 de novembro de 2020


Nota:

(1) - Sem ainda tradução para língua portuguesa, o titulo seria "O Dia Está Já Muito Adiantado", que seria uma alusão ao versículo 35 do Evangelho de S. Marcos, capitulo 6.